quarta-feira, 15 de agosto de 2012

BRIDGESTONE DA BAHIA ENFRENTA MAIS LONGA GREVE DA HISTÓRIA DA INDÚSTRIA

Trabalhadores da fabricante de pneus em Camaçari já ultrapassam 40 dias em greve.

A mais longa greve do setor industrial nacional completou 44 dias nesta segunda-feira, 13. Funcionários da fabricante de pneus Bridgestone, em Camaçari (BA), estão sem trabalhar desde 1º de julho. A maior paralisação anterior, de 41 dias, aconteceu entre os metalúrgicos do ABC paulista, em 1979, também por reajuste salarial, liderada pelo então líder metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva. A paralisação dos borracheiros da Bahia começou por aumento de salários e melhores condições de trabalho, mas o impasse atual se estende para o desconto dos dias parados. A empresa suspendeu o pagamento dos trabalhadores e quer descontar o período não trabalhado.

A diretora de recursos humanos da Bridgestone, Simone Hosaka, diz que aguarda proposta do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Borracha de Camaçari (Sindborracha) para o parcelamento do desconto ou formas de compensação dos dias parados. O presidente da entidade, Clodoaldo Gomes, alega que a fabricante não está disposta a negociar. “A empresa fala que somos intransigentes, mas foi ela quem criou uma estrutura de guerra, colocando contingente de policiais na fábrica e seguranças a paisana”, afirma.

O grupo japonês Bridgestone, dono da americana Firestone, está há mais de sete décadas no Brasil, onde inaugurou sua primeira fábrica em Santo André (SP) nos anos 40. A filial baiana, aberta em 2007, emprega 600 trabalhadores. Nas unidades de Santo André e de Campinas (SP), com 3,5 mil funcionários, a empresa fechou acordo de reajuste de 5% (sendo apenas 0,14% de aumento real) e participação nos resultados (PPR) de R$ 8 mil. Os trabalhadores baianos pedem 2% de aumento real e PPR de R$ 9,2 mil, mesmo acerto feito com outras fabricantes de pneus da região.

Segundo Gomes, as empresas antes concentradas em São Paulo abriram filiais na Bahia com oferta de salários mais baixos e regras diferenciadas, como período de apenas meia hora para o almoço. O trabalhador local da Bridgestone, diz ele, recebe R$ 8,56 por hora, enquanto o de Santo André ganha R$ 17,23. Ele afirma que apenas 10% dos funcionários estão entrando para trabalhar. Simone informa que 50% do contingente já voltou ao trabalho. De acordo com o sindicalista, a unidade tem prejuízo diário de R$ 500 mil com a queda da produção.

Para não prejudicar o fornecimento de pneus aos clientes, a empresa realocou parte da produção da unidade baiana para a de Santo André. “Estamos operando com metade da nossa capacidade, que é de 8 mil pneus por dia”, informa a diretora de RH. Segundo ela, como metade do pessoal está trabalhando, a empresa não pode aceitar que a outra metade que não trabalhou receba os salários integrais.

Fonte: Automotive Business