segunda-feira, 28 de maio de 2012

SINDICATO NEGOCIA CONTRA DEMISSÕES NA MERCEDES

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC tenta evitar que a Mercedes-Benz demita 1.500 funcionários da fábrica de São Bernardo. Segundo a entidade dos trabalhadores, as negociações estão difíceis e os cortes podem ocorrer. A companhia, que conta hoje com cerca de 13 mil empregados na região (mais de 9.000 em áreas ligadas à produção) divulgou, há poucos dias, em seu quadro de avisos interno da fábrica, que tem 1.500 trabalhadores excedentes por causa do enfraquecimento da demanda.

O diretor de comunicação da Mercedes, Mario Laffitte, salienta que a companhia está negociando com o sindicato e que "ferramentas de flexibilidade" estão sendo discutidas. Ele acrescenta que as demissões não são a solução para o problema de queda na produção, gerada, por sua vez, pela retração nas vendas no segmento neste ano.

O executivo afirma ainda que a direção de RH segue, durante este fim de semana, em reunião com o sindicato para CW-24encontrar alternativas. Entre os mecanismos existentes de flexibilidade que podem ser alvo de discussão estão novas férias coletivas, licenças remuneradas, abertura de PDV (Plano de Demissão Voluntária) e layoff (redução temporária do período de trabalho), por exemplo. Recentemente, outra montadora, a Scania, abriu PDV, que significou o corte de 100 pessoas, também para se adequar à demanda fraca.

O volume de caminhões fabricado no País no primeiro quadrimestre é 30% menor do que no mesmo período do ano passado. Por sua vez, a comercialização teve queda de 8% de janeiro a abril, mas houve parcela significativa de vendas de modelos ainda produzidos em 2011 e que estavam nos estoques das companhias até fim de março.

Um dos fatores que atrapalharam as montadoras, neste ano, foi a exigência de mudança de tecnologia - desde janeiro, caminhões e ônibus passaram a ter de sair das linhas de montagem com motorização que respeite a nova norma brasileira Proconve 7 (semelhante à legislação européia Euro 5, que reduz a emissão de poluentes) -, o que encareceu os veículos em até 15%.

O fato é que, como as empresas clientes (por exemplo, transportadoras e operadoras logísticas) sabiam, em 2011, que haveria essa alteração e elevação de custos, houve antecipação de compras, no ano passado. E os números do setor industrial mostram que há dificuldades no cenário econômico atual, o que afeta a disposição de investimentos das empresas. A produção industrial no Estado de São Paulo recuou 6,1% no primeiro trimestre frente ao mesmo período de 2011.

Dessa forma, os sinais não são animadores, apesar dos incentivos dados pelo governo, como a recente ampliação do prazo do programa Finame, de financiamento de caminhões a juros reduzidos, pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) de 96 para 120 meses.

Fonte: Diário do Grande ABC