Com queda na produção, empresa reconhece excedente de 3,1 mil empregados; 1,5 mil já estão em licença remunerada desde maio.
O departamento de recursos humanos da Mercedes-Benz está esgotando seu arsenal de medidas para evitar demissões na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Desde o início deste ano a montadora enfrenta queda brusca da produção (acima de 30%), motivada pela entrada em vigor, em janeiro, da nova legislação de emissões Proconve P7 – que tornou caminhões e ônibus com motorização Euro 5 de 8% a 15% mais caros – e a subsequente desaceleração da economia. Na manhã da quinta-feira, 30, circulou comunicado interno no qual a empresa informa que, no ritmo atual de atividade, teria 3,1 mil empregados excedentes – fazem parte deste excesso de contingente 1,5 mil funcionários que, em maio, foram colocados em regime de lay off, com suspensão temporária dos contratos de trabalho.
“A Mercedes tem feito esforço enorme para manter sua força de trabalho e fazemos o possível para informar os colaboradores sobre a situação. O comunicado faz parte dessa política de transparência. Informamos que a produção recuou, por isso tomamos medidas para reduzir custos e evitar demissões”, disse a Automotive Business o vice-presidente de recursos humanos da Mercedes-Benz do Brasil, Fernando Fontes Garcia. “Até agora ninguém foi demitido e temos dialogado constantemente com o sindicato para encontrar alternativas”, acrescentou.
A produção dos fabricantes de caminhões no País já recuou quase 40% de janeiro a julho e as vendas caíram 17% em relação ao mesmo período de
Nesse cenário, Garcia diz que a empresa já fez de tudo um pouco para cortar a produção sem demitir pessoal. Em abril foram concedidas férias coletivas de 10 dias. Em 14 de maio houve parada da fábrica. Lançando mão do banco de horas, de
Esperança de recuperação
“Temos esperança na recuperação do mercado e por isso não queremos fazer demissões, pois acreditamos que vamos precisar desses empregados qualificados no futuro próximo, quando a produção deve voltar aos níveis normas”, afirma Garcia. “O desafio é grande. Já usamos boa parte dos recursos que tínhamos. Mas ainda temos algumas medidas que podemos adotar”, disse. O executivo informou que ainda está em negociação com o sindicato sobre os novos passos que deverão ser dados a partir da semana que vem, por isso ainda não podia detalhar quais medidas serão tomadas.
Garcia também garantiu que a Mercedes-Benz se considera incluída no acordo com o governo de não fazer demissões enquanto vigorarem os incentivos concedidos à indústria – no caso, a redução da taxa de juros da linha Finame do BNDES para 2,5% ao ano para a compra de caminhões, entre outras medidas.
Os problemas são menores na fábrica de Juiz de Fora (MG), que este ano começou a produzir os caminhões Accelo e Actros. “Lá o ritmo de produção é menor e o Accelo está vendendo bem, por isso não precisamos cortar a produção”, informou Garcia.
Fonte: Automotive Business