Argentina e Brasil começaram a destravar o comércio bilateral de carros, azeitonas, azeite de oliva, além de outros alimentos argentinos; carnes suínas e de frango, e demais itens brasileiros, segundo informações de despachantes da aduana, da indústria e de autoridades locais.
“O que estava bloqueado pela Argentina está entrando, mas é preciso ir monitorando para ver se continua assim”, disse uma fonte da indústria. “No que diz respeito às carnes brasileiras, já liberaram 50% do que estava travado e isso é um bom sinal. Inclusive, a Argentina autorizou a entrada de suínos e frangos industrializados, o que havia sido proibido desde fevereiro”, detalhou. O Brasil, por sua vez, também já liberou licenças pendentes de vinhos, polpa de maçã e de pera, pêssego em lata, queijos e outros alimentos, segundo o secretário de Agroindústria da província de Mendoza, Marcelo Barg.
Fonte da indústria automobilística revelou que praticamente todos os carros que estavam parados na fronteira foram liberados pelo Brasil. “Estão destravando e não poderia ser diferente, porque somos o principal mercado de exportação de carros um do outro. A indústria está integrada e os dois países sempre terão que chegar a um acordo”, afirmou o executivo de uma das montadoras instaladas na Argentina.
A fonte informou que a Anfavea e sua equivalente argentina, a Adefa, vão se reunir nos próximos dias 26 e 27 de julho para elaborar uma proposta do setor que será entregue aos seus respectivos governos. Na última sexta-feira, o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, anunciou que, em meados de julho, os dois governos vão iniciar as conversas sobre um regime comum para o setor automotivo, com base no programa brasileiro, que entrará em vigor em janeiro de 2013.
As barreiras argentinas ao comércio em geral e as represálias brasileiras, somadas aos reflexos do contexto internacional acirrado, provocaram uma queda anual de 32% do comércio bilateral em junho. “Esta queda no comércio bilateral não se registrava desde 2009” , alertou a consultoria argentina de análises econômicas Abeceb. A empresa destacou ainda que, em consequência da contração de suas exportações ao mercado brasileiro, a Argentina passou do terceiro ao quarto lugar no ranking dos principais fornecedores do Brasil e foi substituída pela Alemanha. EUA (US$ 2,734 bilhões), China (US$ 2,650 bilhões), Alemanha (US$ 1,110 bilhão) e Argentina (US$ 1,049 bilhão) são os principais parceiros atualmente. Na mão contrária, a Argentina se manteve como terceiro comprador dos produtos brasileiros, atrás da China (US$ 3,945 bilhões) e dos EUA (US$ 2,009 bilhões).
Fonte: Jornal do Comércio/RS