terça-feira, 21 de agosto de 2012

MONTADORAS CHINESAS INVADEM O MERCADO BRASILEIRO DE CAMINHÕES

Com preço atraente, robustez e economia, os caminhões chineses chegaram ao mercado brasileiro para ficar. A invasão asiática começou há mais de um ano, quando o mercado ainda estava em alta. Apesar da leve queda no setor durante 2012, os investimentos no Brasil não param de aparecer e novas fábricas vão começar a ser erguidas nos próximos anos.

A Sinotruk, por exemplo, já comemora mais de dois anos desde o primeiro pesado vendido no mercado nacional. Segundo a empresa, a frota circulante do modelo Howo é de 1.530 caminhões, e já está planejado um segundo modelo para ser lançado em setembro. Joel Anderson, diretor geral da Sinotruk Brasil, afirma que o número se deve a um trabalho rigoroso de expansão da rede de concessionárias (hoje, são 35). "Nossos esforços são constantes para aprimorar cada vez mais o pós-venda - prioridade número 1 na hora de escolher um caminhão - que conta com um centro de distribuição de peças na região metropolitana de Curitiba, a 5 km da nossa sede", explica.

Com previsão para construir uma unidade fabril em Lages, Santa Catarina, destinada a abastecer os mercados brasileiro e latino-americano, a obra é uma prova do interesse asiático nos consumidores nacionais. "Antes de pensar em ampliar a participação, a nossa meta é divulgar a marca e seu valor ao mercado", diz Anderson. "Não trabalhamos com o apelo de preço baixo. Os caminhões Sinotruk são vendidos a preços competitivos no mercado, mas o destaque fica para a relação custo/benefício que significa um produto de qualidade e com tecnologia de ponta que atenda às necessidades e às exigências do transportador brasileiro aliado a um pós-venda com prontidão no atendimento", completa.

A previsão é produzir oito mil caminhões por ano em um único turno na fábrica catarinense. Os investimentos diretos previstos para a primeira etapa do projeto serão superiores a R$ 300 milhões, podendo chegar a R$ 1 bilhão em médio prazo, por conta de investimentos necessários para o desenvolvimento de tecnologia, gestão, distribuição e comercialização.

Consolidação é o principal desafio

Um dos principais desafios das montadoras chinesas no mercado é a consolidação da marca. A transportadora Dalçoquio, com matriz em Itajaí, Santa Catarina, realizou testes com o caminhão da Sinotruk e apontou alguns problemas de operação. "Para um serviço de raio máximo de 300 km, o desempenho é razoável", conta Emilio Dalçoquio, diretor operacional da empresa. Segundo ele, os principais defeitos são as poucas concessionárias, o desgaste físico do motorista pela falta de conforto e a vida útil ainda duvidosa. "Um caminhão barato demais pode custar muito caro, pois vai ser completamente descartado e não terá valor algum no momento da revenda", destaca. Mas, para o transportador, a concorrência é completamente benéfica para o mercado.

A dúvida sobre o nível de investimento estrangeiro no Brasil também é um problema que os asiáticos vão enfrentar. Dalçoquio lembra que na década de 1950 vieram para o Brasil marcas como GMC, Mack, Dessoto, White, Dodge, entre outras, e, na primeira crise, foram embora. Segundo Milad Kalume Neto, gerente de atendimento da JATO Dynamics do Brasil, especializada em estudos do setor automotivo, o fator determinante na compra de caminhões é técnico, em segundo lugar está a escolha de quem vai dirigir, em termos de conforto e desempenho. "Independentemente do preço, é importante que o produto atenda às exigências da operação de cada cliente", afirma.

Outra chinesa que entra forte no mercado brasileiro é a Fóton. A comercialização dos caminhões deve se iniciar em setembro, com uma meta de vendas de 1.800 a 1.900 unidades nos primeiros 18 meses. A sede chinesa anunciou recentemente uma parceria com a Daimler, para incluir o motor Mercedes-Benz na linha Auman, de pesados. A primeira investida da Fóton será no setor de leves, destinados ao transporte urbano e periférico. Entretanto, logo a versão pesada deve aparecer. Segundo a assessoria de imprensa da montadora, em 14 meses de operação em CKD (com peças importadas da fábrica chinesa), a expectativa é nacionalizar 65% dos itens. Outro plano é implementar uma fábrica por volta de 2017, porém ainda nada foi negociado com governos estaduais.

Com investimento de R$ 1 bilhão, a Shacman é mais uma que vai construir uma fábrica no Brasil. A cidade escolhida foi Caruaru, em Pernambuco, com previsão para início das operações em 2013. Os caminhões foram apresentados na Fenatran do último ano, passaram por processo de nacionalização para se adequar à legislação brasileira e serão comercializados em breve. A gigante Dongfeng, a maior fabricante de veículos comerciais da China, também prevê o início das vendas no Brasil para este ano e uma unidade fabril de veículos comerciais até 2015.

Fonte: Cartola/Terra