Em greve desde o dia 1º de julho, os 630 trabalhadores da fábrica de pneus da Bridgestone, em Camaçari (BA), sofrem assédio moral e perseguição. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Borracha na cidade (SindBorracha), este foi um dos motivos da greve, junto a questões econômicas, como reajuste salarial e participação nos lucros e resultados.
Durante a paralisação, a empresa fez uso de seguranças privados e de aparato policial para desmobilizar os grevistas, como conta o presidente do SindBorracha, Clodoaldo Gomes.
“A Bridgestone inovou na medida em que eles contrataram quase 30 seguranças, entre eles, policiais à paisana. E eles chamavam constantemente a polícia, como se estivesse havendo baderna. Ao chamar a polícia, eles informavam que a gente estava fazendo ameaça aos trabalhadores - coisas que não aconteciam –, somente para que houvesse um contingente grande de policiais para amedrontar as pessoas que estavam fazendo piquete na porta da fábrica.”
Gomes também afirma que a Bridgestone vem ligando aos trabalhadores e seus familiares avisando que quem estivesse em greve iria perder o emprego.
“E, também, eles estão ligando para as famílias, mandando telegrama, mandando mensagem de texto. Tudo isso criando um clima de terror para o trabalhador.”
Uma assembléia dos trabalhadores ocorre no final da tarde desta segunda-feira (20). A empresa marcou negociação somente para o próximo dia 27. A Bridgestone cortou os salários dos grevistas e deslocou parte da produção da fábrica de Camaçari para outra unidade em Santo André (SP).
Esta é a mais longa greve do setor industrial privado do país, superando a paralisação de 41 dias dos metalúrgicos do ABC paulista em 1979.
Fonte: Radioagência NP