Empresas de inovação lançam soluções para transportadoras cumprirem a lei 12.619.
A exigência de controle da carga horária imposta pela lei 12.619 movimentou o setor de tecnologia aplicada ao transporte. Transportadoras e motoristas estão preocupados em adaptar-se às novas regras, mas não veem futuro no controle manual, incapaz de garantir a veracidade dos dados e mesmo a identidade do condutor do veículo. Por isso, empresas de tecnologia se antecipam para apresentar soluções em equipamentos capazes de registrar as informações de maneira precisa.
Apesar de parecer simples, o controle de carga horária pode complicar o cotidiano dos transportadores. Há limitação de jornada contínua (4 horas), tempo mínimo de paradas para descanso entre jornadas (30 minutos), tempo para refeições (2 horas), além de um teto para a carga horária diária (10 horas). Diante de tantas aferições, deixar o levantamento a cargo do próprio condutor pode tornar-se um problema. Caso o motorista esqueça apenas uma das medições de horário, já estará com informações perdidas.
Uma das soluções mais precisas encontradas por empresas de tecnologia é a biometria digital. A Onix Sat lançou um produto chamado "ignição biométrica", capaz de identificar até 50 motoristas por um sensor da digital do polegar. Além da simples constatação de que foi determinado motorista quem ligou o veículo, o serviço está atrelado ao rastreamento e à telemetria via satélite, capaz de localizar o caminhão.
O sistema de ignição biométrica permite levantar a jornada do motorista com base em uma carga horária pré-estabelecida, a quantidade de horas trabalhadas no período noturno, a jornada ininterrupta e a troca de motoristas em um mesmo veículo, gerando relatórios individuais. "A ideia é registrar quem é realmente o motorista. Se qualquer pessoa cadastrada ligar o caminhão, será gerado o registro do início e o fim da viagem", explica Willian Beneventi, gerente de marketing da Onix Sat.
A Sascar lançou um produto semelhante chamado "tempo de direção", vendido com serviços de telemetria - este, em vez do controle por biometria da digital, recorre a uma espécie de teclado. Além de conter todos os dados diários sobre a carga horária do motorista, é capaz de apresentar relatórios completos sobre a condução, como as infrações cometidas, média de velocidade em dias secos ou com chuva, excesso de rotação, entre outras. "A lei veio como uma oportunidade para que a gente agregasse funções de acordo com as exigências para o produto de telemetria. Clientes que não tinham nenhum controle de sua operação têm na lei uma grande oportunidade para se adequar e também ter uma rastreabilidade do veículo, da carga ou informações de telemetria", afirma Fernando Nogueira, superintendente comercial da Sascar.
Entre os próximos produtos que devem chegar ao mercado está a biometria facial, prometida pela Sascar. O produto será capaz de reconhecer a face do condutor, além de detectar aspectos físicos como sonolência, distração ou situações de risco, por exemplo. "Há um tempo esse tipo de controle era visto como custo, hoje tem um benefício, há um proveito de produção que supera o custo monetário. É uma questão cultural. Neste ano, vemos os clientes nos procurarem para instalar telemetria. Até então, por força do mercado, a busca era mais por produtos relacionados ao controle do roubo de carga, por exigência dos embarcadores", conta Nogueira.
Fonte: Cartola/Terra