Na última terça-feira (19), o Procaminhoneiro completou seis anos. Criado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com o objetivo de financiar caminhões, chassis, reboques, carretas e carrocerias para autônomos, empresários individuais e microempresas, o programa financiou 52.097 veículos entre 2006 e 2011.
Apesar das críticas atribuídas à considerada baixa eficácia do projeto, o gerente do Departamento de Suporte e Controle Operacional da Área de Operações Indiretas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Marcos Fernandes, acredita que o programa é bem sucedido e avalia as fases do Procaminhoneiro ao longo dos anos.
Confira a entrevista:
Nestes seis anos, podemos dizer que o Procaminhoneiro obteve sucesso?
Pela nossa ótica, o Procaminhoneiro é um programa muito bem sucedido. Uma das maneiras de avaliar isso é observar os custos orçamentários que foram alocados para o programa e a utilização desse programa. Nesse caso, você vê que o grau de utilização é muito elevado. Ou seja, a aceitação do programa foi bastante alta. Temos um orçamento de taxa fixa de R$ 11,7 bilhões [ao longo dos seis anos]. A utilização dele até hoje é de R$ 8,5 bilhões, ainda sobra para uso até o fim do ano, R$ 3,2 bilhões. Então, esse grau de utilização é bastante elevado o que indica uma boa aceitação do usuário.
Estamos vivendo um momento de queda brusca na venda dos caminhões, em função de vários fatores. Microempresários e autônomos reclamam da restrição ao crédito. Como o senhor enxerga isso?
No caso da aprovação do crédito, quem realmente aprova é o agente financeiro. Essa questão do rigor é da parte do agente financeiro. Da parte do BNDES, o que se fez para minimizar a restrição foi a instituição do FGI [Fundo Garantidor de Investimento]. Porque normalmente o rigor acontece mais por uma falta de capacidade de pagamento, problema de inadimplência, comprovação de renda. Ainda há muita informalidade no setor. O BNDES tentou ajudar, criando o FGI.
De modo geral, o programa tem um índice de utilização muito elevado - pode acontecer um ou outro obstáculo, mas nós precisamos da parceria do agente financeiro. Se o agente financeiro, mesmo com a ajuda do FGI, não quer financiar aquele bem, o BNDES não pode fazer muita coisa.
Ao longo dos anos, o Procaminhoneiro foi se aperfeiçoando?
O Procaminhoneiro teve quatro fases. A partir de 2006, teve uma primeira fase em que foi pouco utilizado, com uma remuneração em TJLP [Taxa de Juros de Longo Prazo].
Na segunda fase, quando obteve uma taxa de juros fixa de 4,5%, ele foi mais utilizado. Foram R$ 7,5 bilhões de operações aprovadas, a partir de junho de 2009, quando começou o PSI [Programa BNDES de Sustentação do Investimento].
Depois, veio a terceira fase, a partir de abril de 2011, em que a taxa de juros aumentou para 7% e a participação caiu um pouco, de 100 para 90% [total financiado pelo Programa]. Nessa fase, o programa ficou mais fraco e o valor das operações ficou reduzido, caiu para apenas R$ 877 milhões.
E agora o Programa está entrando no quarto estágio, desde maio deste ano, com uma taxa de juros muito boa, de 5,5%, e aumentou a participação para 100%. O que a gente observa, em 13 dias úteis de operações, entre financiamentos aprovados, em análise, é um total de operações de R$ 84 milhões.
Se compararmos aos 13 primeiros dias das fases anteriores, isso é um indicador de que o programa está mais forte. É o mais alto valor já observado no início. Ainda é um pouco cedo, mas já há sinais de que a demanda vem forte. Nos próximos meses, podemos ter um reaquecimento da demanda em função dessa nova fase do programa, das boas condições do Procaminhoneiro. Pelo menos há um indício.
Há uma reclamação recorrente de que o programa não atende aos autônomos. O que o BNDES diz sobre isso? Há um balanço sobre os financiamentos para eles?
Essa é uma reclamação meio injusta. Separando a Pessoa Física da Microempresa, você tem valores muito próximos. De maio de
Após o anúncio da queda da taxa de juros do Procaminhoneiro, muitos ainda consideraram essa uma medida paliativa, em função da restrição ao crédito.
Não há pelo que eu te mostrei, com os números, essa diferença. Eles estão muito balanceados, no agregado. Se há uma restrição ao crédito temos que avaliar no que o Procaminhoneiro autônomo está querendo. Se ele estiver querendo pegar condições fora do que o programa ele não vai ser aprovado mesmo. O programa tem restrições que são conhecidas e definidas.
O BNDES estuda alguma medida para facilitar esse acesso?
Eu acho que mais facilitado do que está é difícil. Criar condições mais facilitadas ainda é difícil. Até porque o programa perderia um pouco do caráter dele, que não é exatamente o de inovação. De inovar a frota nem nada.
Fonte: Agência CNT de Notícias