quarta-feira, 8 de abril de 2015

CAMINHÕES SE PREPARAM PARA O PIOR ANO DESDE 2006

Anfavea prevê a venda de 90 mil unidades em 2015, queda de 33% sobre 2014.

Após consolidar queda de quase 37% das vendas no primeiro trimestre na comparação com mesmo período do ano passado, para 19,3 mil unidades, o segmento de veículos pesados se prepara para enfrentar um de seus piores anos no mercado brasileiro. Ao revisar as projeções para 2015, a Anfavea, que reúne as montadoras, prevê o volume de 113 mil unidades para este ano, entre caminhões e ônibus. Se for confirmado, representará retração na ordem de 31,5% sobre 2014.

Os fabricantes de caminhões esperam entregar algo como 90 mil unidades, segundo a nova previsão: se confirmado, o segmento encolherá 33,2% sobre o ano passado, quando foram emplacadas 134,9 mil unidades. Se chegar ao volume previsto, este será o pior resultado para o segmento desde 2006, quando o País comprou 75,7 mil caminhões novos. 


“Houve queda generalizada em todos os segmentos, principalmente no de pesados, com retração de 60% no primeiro trimestre, reflexo do adiamento das compras pelos transportadores”, avalia Luiz Carlos Gomes de Moraes, vice-presidente da entidade e diretor de relações institucionais da Mercedes-Benz do Brasil. 

Segundo os dados da entidade, os semipesados e médios encerraram o primeiro trimestre com retração de 35,3% e 19,2%, respectivamente, para 6,4 mil e 1,9 mil unidades licenciadas, enquanto o volume de pesados não ultrapassou as 4,4 mil unidades.

“Nos pesados - que são os mais caros do segmento - a influência negativa vem da baixa confiança do investidor, enquanto que na categoria de leves, que atende mais o varejo, ainda estamos tentando entender o que acontece. Por isso estamos fazendo ajustes na produção, adotando férias coletivas, folgas em feriados, layoff etc.”, disse Moraes, acrescentando que a Anfavea não divulga o número de estoque de caminhões.

Houve uma melhora quando se observa o comparativo mensal: as vendas de março foram 25,9% maiores que as de fevereiro, passando de 5,1 mil para 6,4 mil caminhões. Apesar disso, o executivo diz que é cedo para dizer se esta diferença significa uma retomada: “Isto é reflexo do número maior de dias úteis em março na comparação com fevereiro, que tivemos carnaval. Por outro lado, não estamos vendo nenhum movimento para melhorar [as vendas]”. 

Ele acrescenta que os financiamentos via Finame PSI estão funcionando normalmente, uma vez que os bancos já se atualizaram a fim de contrair novos contratos com todas as alterações necessárias a partir das novas regras da linha do BNDES. “Diminuiu a quantidade de problemas, mas continua a incerteza e a baixa confiança”. 

As exportações também recuaram, mas em ritmo muito menor, com queda de 6,7% no primeiro trimestre, para 4,1 mil caminhões. Já a produção do segmento despencou nos três primeiros meses do ano, ao somar 21,6 mil caminhões: queda de 49,3% sobre o primeiro trimestre de 2014.

ÔNIBUS

O segmento de chassis também encolherá em 2015: a Anfavea prevê que os emplacamentos diminuam 16% sobre 2014, passando de 27,5 mil para 23 mil unidades, considerando modelos urbanos e rodoviários. O segmento já havia encolhido 16,3% no ano passado.

“A queda será menor que a de caminhões, mas ainda assim impactante”, comenta Moraes. 

Segundo o executivo, a entidade já espera um movimento menor das compras governamentais por meio do programa Caminho da Escola, que garantiu bons volumes no ano passado e que será o principal fator a influenciar a queda no segmento de urbanos, além do financiamento mais caro, com a taxa de juros maior do Finame PSI para novos contratos em 2015. 

Os licenciamentos encerraram o primeiro trimestre com queda de 24,8% na comparação com iguais meses do ano passado, para 5,2 mil chassis. Na contramão do mercado interno, as exportações subiram 12% no período, para 1,4 mil chassis, enquanto a produção caiu 17,7%, com a entrega de pouco mais de 8,1 mil unidades pelas linhas de montagem, sendo 6,5 mil urbanos e 1,5 mil rodoviários.


Fonte: Automotive Business