quarta-feira, 9 de julho de 2014

COMERCIAIS: VENDAS SEGUEM RETRAÍDAS

Anfavea prevê queda de 13% para caminhões e de 16,5% para ônibus.

Mesmo diante de expectativa positiva da Anfavea, associação que reúne os fabricantes de veículos, de que o segundo semestre será melhor do que foi o primeiro para vendas de autoveículos no Brasil, o segmento de caminhões tem grandes chances de não seguir a previsão. 

A Anfavea aposta que os pesados fecharão o ano de 2014 com aproximadamente 133 mil unidades vendidas, o que representaria uma queda superior a 13% em relação a 2013. Seguindo esta lógica, para se aproximar dos 133 mil caminhões, precisariam ser entregues no segundo semestre deste ano 68,4 mil deles, 6% a mais do que os 64,6 mil caminhões emplacados no primeiro semestre. 

Marco Saltini, diretor de relações governamentais e institucionais da MAN Latin America e um dos vice-presidentes da Anfavea, admite que chegar a este volume no segundo semestre é “praticamente impossível”. “Faltam quase 69 mil unidades para serem emplacadas. Precisariam ser vendidas, portanto, 11,5 mil delas em cada um dos seis meses restantes. Isso dificilmente acontecerá. Só conseguimos emplacar mais de 11 mil caminhões este ano em maio e isso porque o mês foi atípico, com contratos acumulados do período de transição para o BNDES/Finame Simplificado”, explica. 

Na visão de Saltini, “não haverá milagre” no segundo semestre porque o cliente não está comprando e não comprará por incertezas a cerca da economia. “O consumidor não está confiante e dificilmente ficará diante das revisões para baixo do PIB e da proximidade das eleições. O caminhão é um alto investimento, não é comprado do dia para noite”. O executivo lembrou que há disponibilidade de crédito, mas que os bancos também não estão confiantes para liberá-lo. 

Diante deste cenário, mesmo com a manutenção do PSI com 6% de juros ao ano, Saltini acredita que na melhor das hipóteses as vendas de caminhões devem manter o mesmo nível do primeiro semestre, se não caírem. “Não temos fatores que provem avanço. Até mesmo o governo que ajudou a movimentar o segmento de caminhões no ano passado, com 10 mil unidades adquiridas, em 2014 não encomendou nada”, aponta. 

DESEMPENHO DO PRIMEIRO SEMESTRE 

No primeiro semestre deste ano, com 119 dias úteis, segundo a Anfavea, foram licenciados 64,6 mil caminhões, o que representa queda de 12,7% em relação ao mesmo intervalo do ano passado, que teve 3 dias úteis a mais. O segmento que teve a maior retração no período foi o de semileves, com queda de 27,7% de janeiro a junho; seguido por leves, com retração de 26,4%. Ambos estão sendo substituídos por comerciais leves por causa das restrições à circulação em grandes centros. Fora isso, seus compradores, que têm menor poder aquisitivo, são os mais prejudicados com a alta seletividade do crédito. 

Do total do semestre, 10,5 mil caminhões foram vendidos somente no mês de junho, que anotou queda de 16,7% sobre o atípico maio e de 19% sobre junho do ano passado. O segmento de pesados foi o que mais caiu de maio para junho: 22,8%. 

Como reflexo da queda nas vendas, a produção de caminhões despencou 18,8% de janeiro a junho deste ano na comparação com mesmo intervalo do ano passado, para 75,9 mil unidades. Saíram das linhas de produção 27,9 mil semipesados, 27,7 mil pesados, 14,2 mil leves, 4,7 mil médios e 1,2 mil semileves. O mês de junho foi responsável sozinho por 8,1 mil caminhões montados, volume 35,5% menor do que o produzido em maio deste ano e 49,3% inferior ao montante entregue em junho de 2013. 

As exportações de caminhões encolheram 18,3% no primeiro semestre, para 9,2 mil caminhões embarcados. A demorada negociação do novo acordo automotivo entre Brasil e Argentina, nosso principal comprador, impactou fortemente o setor. Em junho, foram enviados ao exterior 1,5 mil caminhões, 37,9% a menos do que o total de caminhões exportados em igual mês de 2013. 

ÔNIBUS 

Para o segmento de ônibus, a Anfavea prevê 27,5 mil licenciamentos em 2014, o que representaria queda de 16,5% em relação aos 33 mil emplacados em 2013. Mas Saltini também acredita que a meta não é factível. “As contas não fecham”. Depois dos 13,3 mil ônibus lacrados no primeiro semestre, para chegar aos 27,5 mil emplacamentos no ano, o segmento teria de vender 14,2 mil unidades até dezembro, em média de 2,4 mil em cada um dos seis meses restantes. O número é bem mais alto do que o licenciado em junho último: 1,9 mil ônibus (que representou queda de 20,5% em relação ao mesmo mês de 2013). 

De janeiro a junho, foram produzidos 19,1 mil ônibus no País, 11,1% a menos do que no mesmo intervalo de 2013. Na comparação entre junho do ano passado com o último, a queda foi de 37,9% na produção, para 2,5 mil unidades. 

As exportações de ônibus também caíram no semestre, o equivalente a 12,5%, para 3,4 mil unidades enviadas. Desse total, 532 ônibus foram embarcados em junho, o que representa um volume 41% menor do que o observado em igual mês do ano passado.


Fonte: Automotive Business