terça-feira, 25 de novembro de 2014

TRÁFEGO DE CAMINHÕES TEM RESTRIÇÃO EM MAIS DE 100 CIDADES

Legislação única reduziria custos da distribuição urbana de cargas.

Pelas leis do município de São Paulo, um VUC – Veículo Urbano de Carga – não pode medir mais que 6,30m de comprimento. Na vizinha Osasco, dentro da mesma região metropolitana, o critério já é outro: o limite pode chegar até 7,20. Em Porto Alegre, a restrição no centro da cidade serve para veículos acima de 3 toneladas. Já em Cuiabá aceita-se veículos de até 24 toneladas. Esta diversidade de normas complica o desafio diário da entrega urbana de mercadorias. Além disso, se houvesse uma legislação única, o custo das operações seria menor e até o valor dos veículos poderia cair.

Este foi o tema do seminário “VUC: Solução para a Mobilidade Urbana”, que abriu na terça-feira (18) a primeira VUCFAIR 2014 – Salão dos Veículos Comerciais Leves – que termina hoje (21) em São Paulo.
“O caminhão só é bem vindo quando chega para entregar a geladeira nova. Fora isto, é sempre visto como problema”, reclamou durante sua palestra Manoel Souza Lima Junior, presidente do Setcesp, o sindicato que representa as empresas de transportes de São Paulo.

E o pior é que isto não acontece apenas no Brasil, mas no mundo todo. A entidade organizou um grupo de empresários para conhecer a rotina das entregas urbanas em Nova Iorque. A gigante UPS, por exemplo, que possui uma frota de milhares de caminhões, tem muitos problemas para estacionar: “Para se ter uma ideia das dificuldades, eles já pagaram mais de US$ 12 bilhões só de multa”.

Para obter ganhos de produtividade, além de uma norma única para toda região metropolitana de São Paulo e grandes capitais, as lideranças presentes no seminário defenderam a criação de centros logísticos consolidadores onde as cargas seriam fracionadas antes de entrar nas grandes cidades. Em São Paulo, a sugestão seria construir estes centros, por exemplo, ao longo do Rodoanel.

Segundo pesquisa realizada pela NTC&Logística, mais de 100 cidades brasileiras já criaram algum tipo de restrição ao tráfego de caminhões.“O desafio é conciliar o trânsito de pessoas e cargas no mesmo espaço. Em tese, não deveria haver restrições ao trânsito de caminhões nos grandes centros, uma vez que eles representam uma parcela muito pequena da frota”, defendeu o consultor técnico da entidade, Neuto Gonçalves dos Reis.


Estudo realizado em 417 diferentes cidades da Europa pela PwC (PricewaterhouseCoopers) em 2010 apontou a existência de algum tipo de regulação ou restrição de circulação em nada menos do que 84% das cidades pesquisadas. E o Brasil também caminha para isso.

Segundo dados apresentados pelo presidente da Anfavea Luiz Moan Yabiku Junior, também durante o seminário, o maior crescimento da frota de veículos vem acontecendo nas cidades de até 5 mil habitantes: “Enquanto o crescimento em São Paulo foi de 6%, nestas cidades o licenciamento de veículos cresceu 142%. Ou seja, daqui a pouco os mesmos problemas das grandes cidades chegarão também ás cidades médias e pequenas”, previu.

As crescentes restrições de tráfego a caminhões em grandes cidades vêm impulsionando a venda de VUCs. Segundo a Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores), de janeiro a agosto de 2014, foram comercializados 533.645 novos veículos. O número representa um aumento de 0,53% comparado ao mesmo período de 2013.

Pelos dados do Detran-SP, em cinco anos, a frota dessa categoria de veículos cresceu 49,5%. No final de 2008, os 600.553 saltaram para os atuais são 897.471 VUCs, registrados pelo órgão na capital paulista até julho de 2014. No estado de São Paulo o aumento foi ainda mais expressivo, passando de 1.718.354 para mais de 2,8 milhões de Veículos Urbanos de Carga em circulação, ou seja, 67,8% de aumento.


Fonte: Carga Pesada