Em um par de meses, a
passagem da Fernão Dias por fora de Betim mudará a cara dos fluxos na região e
interferirá no comércio lindeiro do trecho a ser ‘desfederalizado’.
Com licença ambiental de setembro de 2010, a então
concessionária da Fernão Dias (BR-381), a OHL Brasil – hoje o seu controle
passou para a Arteris – construiu a primeira etapa da alça viária de Betim
(MG), a qual fica entre o km 490 e o km 497+500 da rodovia. Para tanto, a empresa
recorreu aos recursos do BNDES e em 2011 festejou a conclusão dos 2.750 metros
de pista dupla, que vão do trevo com as BRs 262/381, troncos para o Triângulo
Mineiro e São Paulo a um curto viaduto que serve de continuidade à avenida
Brasil, caminho do bairro Bandeirinhas. Uma das pernas da dita obra de arte
especial terminou na segunda quinzena de maio e o tráfego está rolando por
cima, em pista única.
De lá pra cá, a OHL, tida como gananciosa pela conquista de
contratos de concessão mediante baixas tarifas de pedágio, continuou com o
resto da alça sob promessa de término dos 5.380 metros em fevereiro deste ano.
O cronograma não foi cumprido. A data informada pela agora Arteris passou para
“o final de agosto próximo”, com as obras de arte especiais prontas, além da
terraplenagem e a pavimentação, “em fase adiantada”.
O contorno de Betim passa ao sul da cidade. Por enquanto é
uma passagem desconhecida, por falta de divulgação. Procurados, futuros
usuários vêem-na como “um gasto inútil”. Desconhecem que o investimento consta
do contrato de concessão ganho em outubro de 2007, cuja entrega foi adiada por
apelo da concessionária e ‘camaradagem’ da ANTT (Agência Nacional de
Transportes Terrestres). Considerando, no entanto, a atualização do VMD (volume
médio diário), conjugada com as novas demandas, merece uma nova leitura.
Por exemplo, um shopping center, no km 491, não pôde iniciar
atividades por impossibilidade de equacionamento dos acessos à BR. Mais à
frente, no fim da reta de chegada a Betim, o km 494 permanece aleijado e
traiçoeiro. Desde 1959, ano em
que JK inaugurou a então BR-55, exatamente naquele largo, a
curvatura não dispõe de superelevação do bordo externo, como pede a boa
técnica. Por defeito da geometria, a pista ‘puxa pra fora’, como dizem os choferes.
Vários caminhões, com “velocidade mal avaliada”, já tombaram naquele ponto.
Os rasgos profundos no asfalto estão lá para confirmar o rótulo de ponto
crítico.
Em breve futuro, o aleijão será útil ao tráfego local,
comportando, quem sabe, um semáforo para facilitar a ida e vinda ao shopping a
dois quilômetros. A alça de Betim eliminará também o gargalo do trevo principal
da cidade, no km 495, bem como a curva fechada do km 495+700, em frente ao
Posto da Curva, unidade da Rede Dom Pedro, de bandeira Ipiranga. Por falar em
distribuidor de combustíveis, vale destacar que as galonagens serão afetadas. A
estimativa da Arteris é que o tráfego caia cerca de 50% no trecho a ‘sair da
Fernão Dias’, no qual há quatro postos na pista sul e um no sentido oposto.
Conhecido de todos, o comportamento do estradeiro não se
sujeita a retornos, ainda que pelo belo intuito de preservar a fidelidade ao
fornecedor. Por melhor que seja seu atendimento, limpeza dos banheiros e preço
do diesel. A diretoria da Rede Dom Pedro já sabe e está ampliando outra unidade
que dispõe na reta de Itatiaiuçu (km 523) – após a serra de Igarapé – para
cercar a futura ‘clientela fugitiva do da Curva’. Visto pelo lado da
topografia, o contorno de Betim melhorará a fluidez nos seus curtos quilômetros
de poucas ondulações. No sentido Belo Horizonte, restou uma rampa, que parece
pender mais de 10% e baixaria a velocidade dos cargueiros, fonte de lentidões.
A Arteris garantiu que a subida “não se inclina a tanto” €e na referida chegada
ao trevo de acesso à Ceasa, a pista contará com três faixas.
Fonte: Carga Pesada