Neste ano, transporte até os portos custa em média US $ 98/ton.
A colheita da soja ainda está na fase inicial na região
Centro-Oeste, mas os valores dos fretes já subiram 21%. O aumento foi provocado
pela maior demanda para transporte da safra recorde de grãos e também pela alta
nos custos, em função da nova Lei dos carreteiros (12.616), que estabelece
tempo de paradas.
Segundo um levantamento feito pela Anec (Associação Nacional
dos Exportadores de Cereais e Algodão) o valor do frete para transporte de
grãos até os portos passou de US$ 81/tonelada na safra passada para US$
98/tonelada nesta safra. De acordo com o diretor executivo da entidade, Sérgio
Mendes, em função das deficiências logísticas o frete pago para transporte de
grãos no Brasil é 6,5 vezes superior aos valores praticados nos Estados Unidos
e na Argentina.
O aumento de 5,4% no preço do diesel nas refinarias, anunciado
recentemente pelo governo federal, também teve impacto no valor de frete,
segundo o representando da Associação.. Ele lembra que muitos contratos foram
fechados no início do segundo semestre do ano passado e que o diesel faz parte
dos custos variáveis do frete, que correspondem a 39% do total. "Para quem
não fechou contrato, a alta do diesel será uma injeção na veia, vai direto para
o custo final", diz ele.
Mendes diz que o setor torce para que tudo corra dentro da
normalidade, sem greves ou problemas climáticos que possam prejudicar o fluxo
dos caminhões, para que o Brasil consiga exportar o volume recorde previsto de
39 milhões a 40 milhões de toneladas de soja em grão, além de outras 18 milhões
de toneladas de milho.
O problema no Brasil, diz ele, é a dependência do transporte
rodoviário, que não é o mais indicado para grandes distâncias. Nesses casos, as
cargas deveriam ser transportadas por hidrovias ou ferrovias. Segundo a Anec,
cerca de 53% da safra brasileira é transportada por rodovia, 36% por ferrovia e
apenas 11% hidrovia. Nos Estados Unidos a hidrovia é responsável por 60% do
escoamento e as ferrovias, por 35%, restando apenas 5% para o meio rodoviário.
O dirigente comentou que o setor privado está conversando
com a Casa Civil para tentar amenizar o impacto da nova Lei dos Motoristas no
custo de transporte da safra. Existe movimentação de parlamentares no Congresso
Nacional para que o governo edite uma nova Medida Provisória que daria prazo de
até cinco anos para que o setor privado possa se adaptar às exigências da nova
legislação, como a construção das áreas de descanso ao longo das rodovias
federais.
Fonte: Cruzeiro do Sul Online