Segundo confederação
dos trabalhadores em transporte, somente entre 30% e 40% do grupo apoiam a lei
12.619.
Entre 30% e 40% da comissão criada na Câmara dos Deputados
para propor mudanças na Lei 12.619, a Lei do Descanso, apoiam os motoristas. O
restante atende aos interesses do agronegócio, que está preocupado com o
aumento nos fretes. A avaliação é da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres
(CNTTT), entidade que representa os motoristas profissionais, incluindo os
caminhoneiros empregados.
O grupo, criado na última quarta-feira (13), é presidido
pelo deputado paulista Nelson Marquezelli (PTB), que é produtor rural. O
relator, Valdir Colatto (PMDB/SC), também pertence à bancada ruralista, além do
segundo vice-presidente, Vilson Coavati (PP/RS). O prazo para conclusão dos
trabalhos é de 30 dias (veja abaixo relação dos parlamentares com
seus respectivos e-mails).
De acordo com o secretário da CNTTT, Epitácio Antônio dos
Santos, a confederação realizou um trabalho de convencimento de deputados que
apoiam a Lei do Descanso para integrarem o grupo, mesmo assim não foi possível
compor a maioria.
“É de se esperar que a comissão proponha mudanças. O
agronegócio quer flexibilizar os direitos trabalhistas, o que é
inconstitucional”, reclama Santos. Ele lembra, no entanto, que as propostas
aprovadas no grupo ainda terão de passar pelas comissões de trabalho da Casa e
serem aprovadas em plenário. “Teremos muitas oportunidades para discutir e
convencer os deputados a não retirar os direitos da categoria”, afirma.
O sindicalista conta que a entidade irá aproveitar o momento
para tentar incluir na lei os pontos que foram vetados pela presidente Dilma
Rousseff, no ano passado, principalmente o que se refere à construção de pontos
de paradas para os caminhoneiros. “Vamos tentar acrescentar outros benefícios
para os motoristas”, declara.
O procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT), Paulo
Douglas Almeida de Moraes, cujo trabalho realizado em Mato Grosso culminou
com a proposta da Lei 12.619 no Congresso Nacional, diz que ainda não foi
convidado pela comissão para participar das discussões. E acredita que não
receberá o convite. “É uma comissão do agronegócio formada para tirar direitos
do trabalhador”, declara.
Mesmo assim, ele espera que os deputados tenham “bom senso”
e não reduzam os tempos de descansos previstos na lei, ou seja, meia hora a
cada quatro horas ao volante e 11 horas entre dois dias de trabalho. “É uma
questão de saúde do trabalhador, uma questão fisiológica. Que os parlamentares
não desconsideram as palavras dos médicos. Os descansos estabelecidos são
fundamentais para que o motorista possa voltar a dirigir com segurança”,
afirma.
Em entrevista por e-mail, o presidente da comissão, deputado
Nelson Marquezelli, disse que o grupo trabalhará para fazer as modificações
necessárias “para a aplicabilidade da Lei”. “Hoje não há condições de cumprir
tudo o que foi estabelecido”, alega. Questionado se acha legítimo o agronegócio
modificar a lei sem a participação dos transportadores, ele diz que tem
recebido “relato de muitos caminhoneiros de todo o país informando que não há
condições para que se cumpra a lei”.
Marquezelli, que já foi caminhoneiro, alega que a 12.619 não
“atende de forma uniforme a realidade do País.”
Em seu site, o deputado diz que a lei provocou uma alta no
transporte “de quase 40% e inviabilizou segmentos produtivos mais longe do
porto de Santos”. “Esqueceram o pequeno transportador, o interior do Brasil.
Não conversaram com aqueles que produzem o que é transportado em cima dos
caminhões. Ou seja, só pode viajar durante o dia e, a cada quatro horas, tem
que parar meia hora. Isso tem um custo. E quem vai pagar esse custo?”,
questiona.
Escreva para os deputados
e diga o que você pensa da Lei do Descanso e se ela deve ser modificada:
Presidente: Nelson Marquezelli (PTB/SP)
1º Vice-Presidente: Vanderlei Macris (PSDB/SP)
2º Vice-Presidente: Vilson Covatti (PP/RS)
3º Vice-Presidente: Hugo Leal (PSC/RJ)
Relator:
Valdir Colatto (PMDB/SC)
Membros
Assis do Couto PT/PR
Rubens Otoni
PT/GO
Weliton Prado PT/MG
Zeca Dirceu PT/PR
Celso
Maldaner PMDB/SC
Mauro Lopes
PMDB/MG
Osmar Serraglio PMDB/PR
Cesar Colnago PSDB/ES
Nilson Leitão PSDB/MT
Carlos Magno PP/RO
Lira Maia DEM/PA
Paulo Cesar Quartiero DEM/RR
Lúcio Vale PR/PA
Gonzaga Patriota PSB/PE
Leopoldo
Meyer PSB/PR
João Dado PDT/SP
Oziel Oliveira PDT/BA
Sandro Alex PPS/PR
Jô Moraes PCdoB/MG
Oliveira Filho PRB/PR
Dr. Grilo PSL/MG
Junji Abe PSD/SP
Onofre Santo Agostini PSD/SC
Fonte: Carga Pesada