Péssima condição das estradas aumenta problemas da safra.
Mais um problema atinge
os produtores de soja do nordeste do Mato Grosso, a perda da produção por falta
de caminhões para o transporte da lavoura aos portos. O produtor rural Gabriel
Jacinto explica que os carreteiros que vêm à região para puxar a soja, não
querem retornar por conta da situação das estradas - como a da BR-080. A soja
poderia ser colhida e armazenada, mas não há silos suficientes. O atraso na
colheita afeta a qualidade do grão e reduz a receita do produtor.
Com 30% da área de 4.000
hectares colhida, Jacinto contabilizou uma perda de 5% em razão do excesso de
umidade provocado pelo atraso na colheita. A situação da lavoura não é pior
graças a um contrato de transporte negociado antes da safra.
"A exclusividade
para uso de 30 caminhões tem me ajudado a tirar a soja da lavoura, mas mesmo
assim a transportadora está com problemas para manter esses caminhões. O custo
de R$ 45 por tonelada já foi a R$ 75 e isso vai afetar parte do lucro da
operação", diz. A margem final já foi afetada em 20%.
As previsões não são das
melhores já que a falta de estradas, de terminais e de portos reduz a cadência
do transporte rodoviário. Segundo a Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja
e Milho de Mato Grosso), os motoristas que fazem a rota Centro-Oeste/Santos estão
levando nove dias para completar a viagem. O trajeto de 2.200 quilômetros
deveria ser feito em seis dias.
Na Baixada Santista, os
carreteiros não têm conseguido alcançar os terminais, o que provoca filas
gigantescas na rodovia Cônego Domênico Rangoni (Piaçaguera- Guarujá). Os
problemas também podem ser vistos em Alto Araguaia (MT), onde a operadora ferroviária
ALL recebe a soja de Mato Grosso. A ALL diz que elevou a capacidade de
recebimento de caminhões de 280 para 1.400 por dia.
Além disso, sem transporte,
as regiões produtoras começam a ter problemas de armazenagem.
Fonte: Folha de São Paulo