A entrada em vigor, no início do ano, da fase P7 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores - Proconve mobiliza a indústria de caminhões e requer atenção de quem compra ou trabalha com os veículos novos. Desde março, as montadoras passaram a comercializar apenas motores com padrão de emissão de gases Euro 5, menos poluentes que os Euro 3.
Capazes de reduzir o impacto ambiental do transporte de cargas, a nova tecnologia exige que os motoristas saibam o que muda no dia a dia da manutenção de suas máquinas. A alteração na rotina dos motoristas é determinada pelos dois sistemas de pós-tratamento de gases disponíveis para o Euro 5: o EGR (Exhaust Gas Recirculation ou Recirculação de Gases do Escapamento) e o SCR (Selective Catalyst Reduction ou Catalizador de Redução Seletiva).
A Scania, por exemplo, adotou como padrão o SCR, cujos motores contam com dois novos componentes: o catalisador em aço inox e o tanque de Arla32. O catalisador recebe os gases expelidos do motor e adiciona uma solução à base de ureia e água desmineralizada, o Arla 32. “A reação química causa uma redução drástica nos gases produzidos pelo processo de combustão do diesel do motor: 80% menos material particulado e 60% menos óxido de nitrogênio”, explica Marcel Luiz Prado, responsável pelo portfólio de produtos da Scania no Brasil.
Gilberto Leal, gerente de serviços técnicos para a América Latina da Iveco, que fabrica caminhões com as duas tecnologias, explica que a EGR conta com uma válvula especial que trabalha em conjunto com o pré-catalisador filtro de partículas de diesel. Nesse caso, há um menor impacto na construção do veículo, que não necessita do tanque adicional de Arla 32 e de periféricos do sistema de exaustão, o que, nos veículos leves, reduziria a capacidade de carga.
Novos cuidados com os caminhões
Arla 32
No caso dos motores com sistema SCR, é preciso estar atento ao Arla
Diesel correto
Para o funcionamento pleno, tanto do sistema EGR quanto do SCR é preciso que o veículo seja abastecido apenas com diesel S-10 ou S-50. O S-50 possui 50 partes por milhão (ppm) de enxofre, o que corresponde a uma concentração de 0,005% desse componente no combustível, bem menor que o diesel anterior, que tinha 500 partes por milhão de enxofre e concentração de 0,05% do componente. O Diesel S-10, que deverá ser comercializado no País em 2013, reduz ainda mais esses índices, com uma concentração de apenas 10 partes por milhão.
Troca de óleo
O caminhoneiro, no caso de uso do sistema SCR, terá novos componentes a observar em sua manutenção preventiva. “Com um combustível com menor teor de enxofre, o período de troca de óleo lubrificante do motor pode ser prorrogado. O intervalo pode ser aumentado, por exemplo, de 15 mil km para, no mínimo, 20 mil km”, diz André Favaretto, chefe da Assistência Técnica da Scania no Brasil. “Isto proporcionou também o aumento dos intervalos de manutenção preventiva, o que diminui o número de paradas na oficina. A manutenção é bem similar a dos motores Euro 3. Basicamente, o que mudou foi um novo filtro para o Arla
Favaretto explica que a adição destes componentes vai exigir atenção dos caminhoneiros, tanto para as emissões quanto ao componente Arla 32. “Ele precisa verificar se há Arla 32 suficiente para a viagem planejada (o nível do tanque de Arla32 é indicado no painel do veículo). Além disso, ele precisa verificar se o tanque do Arla 32 está vedado corretamente e, cada vez que for abastecer, é necessário limpar bem a tampa deste novo tanque.”, afirma Favaretto. Segundo Alex Begatti Neri, da área de Portfólio de Produtos da Linha Pesada da Iveco, os novos filtros do Arla 32 são similares aos de combustível e possuem um intervalo de troca de 80 mil km.
No sistema EGR, não haverá necessidade de manutenção específica por parte do usuário, segundo Alexandre Serretti, gerente executivo da plataforma de veículos leves e médios da Iveco. Porém, as trocas de óleo devem se manter no mesmo nível dos motores do padrão Euro 3. “O diesel S50 tem menor índice de enxofre, porém os motores EGR controlam as emissões de NOx através da recirculação de gases de escape. Com isso, parte dos contaminantes de escape acabam no óleo lubrificante do motor, que é exposto a um nível mais elevado de contaminação. Em resumo, existe um ganho com o diesel de menor teor de enxofre, porém, devido à recirculação dos gases, o óleo é exposto a um maior nível de contaminação”, diz.
Olho nas emissões
É preciso também estar atento ao sinal de advertência do nível de emissões. O padrão Euro5 inclui ainda um sistema de monitoramento de gases chamado OBD (On Board Diagnosis), também responsável pelo controle dos sistemas de injeção, admissão de ar e nível do tanque de Arla 32. “Caso os níveis de poluentes estejam acima do permitido, o motorista será avisado através do computador de bordo e por meio de um sinal, visualizado no painel do veículo. Nessa situação, ele tem até 48 horas para acertar o nível de emissões (com o Arla 32 ou o diesel correto) ou o próprio sistema reduzirá o torque do motor em até 40%”, conta Marcel Luiz do Prado.
Segundo as fontes consultadas, o preço final dos caminhões também vai ficar mais caro com o novo padrão. Segundo Gilberto Leal, da Iveco, o acréscimo fica entre 15% e 20%, com variações por linha. Marcel Luiz do Prado, da Scania, diz que o repasse ao preço final deve ficar entra 8% e 12%. A MAN Latin America também relatou aumentos entre 10% e 15% no valor dos veículos.
Fonte: Terra/Cartola