O Campeonato Brasileiro de Fórmula Truck já tem seu título definido. A conquista do paranaense Leandro Totti, neste domingo (11), coroou uma das provas mais acirradas da história da categoria. Largando dos boxes, depois de todos os adversários, o piloto da ABF Racing Team venceu o GP Crystal, nona e penúltima etapa, o Autódromo Internacional de Curitiba. Foi sua quinta vitória na temporada, a nona na carreira iniciada em 2003.
Totti deixa Curitiba com 45 pontos de vantagem sobre Felipe Giaffone, com 32 sendo possíveis na última etapa, marcada para dia 9 de dezembro em Brasília. O paulista da RM Competições, que levou seu MAN-Volkswagen ao terceiro lugar, assegurou também o vice-campeonato, já que abriu 34 pontos sobre o pernambucano Beto Monteiro, terceiro na pontuação, que não pontuou em Curitiba por conta de um acidente na primeira volta da corrida.
O paulista Roberval Andrade, da Ticket Car Corinthians Motorsport, liderou o maior número de voltas da corrida e terminou em segundo lugar. A MAN-Volkswagen levou dois de seus pilotos ao pódio – além de Giaffone, a marca pontuou com André Marques, em quarto. Valmir “Hisgué” Benavides, da Scuderia Iveco, completou o grupo dos cinco primeiros colocados na corrida, marcada por três intervenções do Pace Truck, uma delas programada.
A disputa pelo título do campeonato de marcas da Fórmula Truck terá definição na etapa brasiliense. A Mercedes-Benz, líder, chegou a 340 pontos, contra 315 da segunda colocada Volkswagen. A disputa pelo terceiro lugar vai confrontar a Iveco, que tem 183, a Volvo, com 157, e a Scania, que chegou aos 141 – o máximo possível a uma marca em cada corrida é de 62 pontos. A Ford, que ocupa o sexto lugar na tabela de pontos, soma 18.
A temporada de 2012 é a 17ª da história do Campeonato Brasileiro de Fórmula Truck. Totti, oitavo piloto a comemorar um título na categoria, fez com que o Paraná alcançasse São Paulo em número de campeonatos conquistados – cada estado teve seus pilotos campeões sete vezes. Foi a quinta vez que a Mercedes-Benz levou um de seus pilotos ao título nacional, mesmo número da Scania, até então líder isolada dessa estatística.
A Corrida
Dada a largada, Leandro Reis manteve a linha intermediária da pista na reta dos boxes. As primeiras posições foram mantidas, com Régis Boessio saltando da décima para a sexta posição. Contudo, antes do complemento da primeira volta, o gaúcho saiu da pista e bateu na proteção de pneus. Geraldo Piquet, com um pneu furado, tomava o caminho dos boxes. Luiz Lopes recebia um drive-thru como punição por queima de largada.
Roberval Andrade, no término da primeira volta, tomou a vice-liderança de Felipe Giaffone e passou a pressionar a liderança de Reis. Totti, que largou dos boxes, saiu da pista e caiu para vigésimo. Na terceira volta, Beto Monteiro tentou a ultrapassagem sobre Giaffone no “S” de alta velocidade. Na divisão do traçado, o Iveco de Monteiro atravessou na pista e, enquanto tentava recuperar o controle, acabou atingido pelo Volvo de Paulo Salustiano.
Ao mesmo tempo em que o Pace Truck era acionado para o resgate dos caminhões de Monteiro e Salustiano, Reis enfrentava problemas com a turbina e perdia a liderança para Andrade. A relargada foi dada após duas voltas sob bandeira amarela, com Andrade à frente de Giaffone e Adalberto Jardim – que escapou por pouco do acidente entre Monteiro e Salustiano. Monteiro voltou à pista e, com o caminhão danificado, parou nos boxes.
O incidente significou o fim das chances de título do pernambucano. A corrida de recuperação de Totti colocava-o em 11º após quatro voltas válidas de corrida, enquanto Giaffone, vice-líder do campeonato, seguia em segundo, a um segundo de Andrade. O Líder do campeonato, o piloto paranaense da ABF Racing Team completou a quinta volta em décimo e, na sexta, já aparecia em oitavo. Boessio, também em corrida de recuperação, já era 12º.
A sétima volta foi aberta sob o anúncio da direção de prova de punição para Renato Martins, então em sexto, por excesso de velocidade no ponto da reta dos boxes onde um radar limita a velocidade a 160 km/h . Totti completou a sétima volta ocupando a sétima posição. Martins não ofereceu resistência à ultrapassagem do paranaense, que assumiu a sexta posição na oitava volta e, na seguinte, superou André Marques na reta dos boxes.
A ultrapassagem de Totti sobre Marques aconteceu segundos antes da intervenção programada do Pace Truck, a um terço da corrida. Enquanto os pilotos seguiam por três voltas sob bandeira amarela, buscando arrefecimento do equipamento para a fase decisiva da corrida, os cinco primeiros colocados recebiam pontos de bonificação na tabela do campeonato – eram, pela ordem, Andrade, Giaffone, Jardim, Wellington Cirino e Totti.
Boessio, que teve o radiador do caminhão danificado no acidente na primeira volta, estacionou nos boxes durante as voltas sob bandeira amarela e abandonou. A relargada foi dada a exatos 31 minutos do término da contagem dos 60 minutos regulamentares de corrida. Cirino assumiu a terceira posição e Totti abriu ataque ao quarto lugar de Jardim, conquistando a ultrapassagem na reta dos boxes, no complemento da décima volta.
Metros atrás, na última curva do circuito, Piquet saiu da pista e bateu na proteção de pneus, provocando a terceira intervenção do Pace Truck no GP Crystal. A essa altura, a combinação das posições na pista faziam a vantagem de Totti sobre Giaffone cair a 31 pontos, um a menos que o necessário para a conquista antecipada do título. A projeção considerava o ponto de bonificação pela volta mais rápida da corrida, anotada por ele na sétima.
A nova intervenção do Pace Truck durou mais três voltas. Faltavam 21 minutos para o fim da corrida quando a relargada foi determinada, depois de 11 voltas válidas de corrida. Totti, pelas posições de então, precisava ultrapassar o conterrâneo Wellington Cirino para ser campeão por antecipação. A manobra não foi necessária – meia volta depois, Cirino teve os freios bloqueados na curva do Pinheirinho e saiu da pista, deixando Totti em terceiro.
Embora o resultado já lhe fosse suficiente para o campeonato, Totti abriu pressão sobre Giaffone, tomando-lhe o segundo lugar na mesma curva do Pinheirinho onde colocara-se, pela projeção de resultados, como campeão virtual na volta anterior. Ao término da 13ª volta, a diferença do paranaense em relação ao líder Andrade era de 1s257. Em poucas curvas, ainda na 14ª volta, Totti já atacava a liderança de Andrade na corrida.
A tentativa de ultrapassagem sobre o líder na última curva do circuito permitiu a Giaffone recuperar o segundo lugar na corrida – os três completaram a 14ª volta separados por um décimo de segundo. Uma volta depois, na reta principal, Totti fez nova ultrapassagem sobre Giaffone e abriu, pela segunda vez, atuação de pressão sobre Andrade, que adotava o traçado mais defensivo possível. Os três alternavam posições na pista a cada curva.
A disputa tripla pela liderança permitiu a aproximação de Jardim, que na 17ª volta também passou a disputar a vitória. Na volta seguinte, foi o quinto colocado, André Marques, quem juntou-se ao grupo dos líderes. Totti, na saída do Pinheirinho, assumiu a linha interna da pista e, depois de toques laterais, tomou a liderança de Andrade. Jardim, a essa altura, era chamado aos boxes pela direção de prova, por excesso de fumaça em seu caminhão.
Os toques laterais valeram advertência a Totti e a Andrade. A corrida cumpria a 19ª volta quando Valmir “Hisgué” Benavides, sexto com o caminhão da Scuderia Iveco, também juntou-se ao grupo que disputava o segundo lugar – Totti, na liderança, já abria 2s242 sobre Andrade, que tinha sua posição sob ameaça dos ataques de Giaffone. A disputa seguiu acirrada, embora todas as posições tenham sido mantidas até a bandeirada final.
Na última volta, mais de quatro segundos à frente, Totti cumpriu a reta dos boxes comemorando com ziguezagues. Ele manteve as manobras radicais durante a volta de comemoração, com “cavalos-de-pau” e “zerinhos” pela pista, diante da torcida presente ao autódromo. O pódio do GP Crystal, com a festa dos cinco primeiros colocados, teve ainda Roberval Andrade, Felipe Giaffone, André Marques e Valmir Benavides.
Depois de 22 voltas, a classificação final do GP Crystal, em Pinhais, foi a seguinte:
1º) Leandro Totti (PR/Mercedes-Benz), ABF Racing Team, 1h00min08s844
2º) Roberval Andrade (SP/Scania), Ticket Car Corinthians Motorsport, a 2s885
3º) Felipe Giaffone (SP/MAN-Volkswagen), RM Competições, a 3s222
4º) André Marques (SP/MAN-Volkswagen), RM Competições, a 4s422
5º) Valmir Benavides (SP/Iveco), Scuderia Iveco, a 12s557
6º) Renato Martins (SP/MAN-Volkswagen), RM Competições, a 12s802
7º) Luiz Lopes (SP/Mercedes-Benz), ABF Racing Team, a 13s120
8º) Wellington Cirino (PR/Mercedes-Benz), ABF/Mercedes-Benz, a 13s312
9º) Pedro Muffato (PR/Scania), Muffatão, a 20s860
10º) João Maistro (PR/Volvo), Clay Truck Racing, a 21s152
11º) Luiz Pucci (ARG/Volvo), ABF/Volvo, a 23s439
12º) Adalberto Jardim (SP/MAN-Volkswagen), AJ5 Competições, a 23s623
13º) Danilo Dirani (SP/Ford), 72 Sports, a 47s783
14º) João Ometto Neto (SP/Iveco), Marinelli Competições, a 49s284
15º) Beto Monteiro (PE/Iveco), Scuderia Iveco, a 1 volta
16º) Alberto Cattucci (SP/Scania), Ticket Car Corinthians Motorsport, a 6 voltas
17º) Leandro Reis (GO/Scania), Original Reis Competições, a 6 voltas
Não completaram
Régis Boessio (RS/Mercedes-Benz), ABF Desenvolvimento Team, a 13 voltas
Geraldo Piquet (DF/Mercedes-Benz), ABF/Mercedes-Benz, a 13 voltas
Débora Rodrigues (SP/MAN-Volkswagen), RM Competições, a 17 voltas
Paulo Salustiano (SP/Volvo), ABF/Volvo, a 20 voltas
José Maria Reis (GO/Scania), Original Reis Competições, a 22 voltas
Desclassificado
Pedro Gomes (SP/Ford), 72 Sports
Não largou
Djalma Fogaça (SP/Ford), 72 Sports
Melhor volta: Totti, na 7ª, 1min41s430, média de 131,144 km/h
Fonte: Fórmula Truck