Em seminário promovido pela CNT, empresários japoneses mostram que a reciclagem de veículos é rentável e sustentável.
Três milhões e seiscentos mil é o número de veículos, ônibus e caminhões reciclados anualmente no Japão. Para um automóvel com o peso médio de uma tonelada, por exemplo, o país apresenta uma taxa média de recuperação de 95% dos componentes. Sobram apenas 55kg, que são enviados para aterros. O restante é reaproveitado e retorna para a cadeia produtiva, gerando crescimento econômico e sustentável.
As informações são de representantes japoneses de um grupo de empresas que trabalham com a reciclagem de veículos, a Rum Alliance. Norihiko Kondo e Kenichi Tsugumi participaram do II Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos e Renovação de Frota, promovido pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) nesta quinta-feira (15/03).
Para incentivar investimentos nesse mercado - rentável e com benefícios ao meio ambiente -, eles apresentaram a experiência da Lei de Reciclagem japonesa e o mecanismo venal. Implantada em 2005, ela se propôs a oferecer um tratamento adequado aos veículos inutilizados a partir de dois objetivos: conscientizar a sociedade e estabelecer um sistema de circulação industrial.
A lei obriga fabricantes ou importadores de veículos a dar o destino adequado a três itens considerados prioritários: o gás clorofluorcarbono (CFC) do ar-condicionado, airbags e resíduos pulverizados (após a retirada de metais e outras peças). "Se esses três componentes, difíceis de reciclar, forem recolhidos adequadamente pelas montadoras, o restante será processado de forma correta no atual mercado de reciclagem", explicou Tsugumi.
Além das peças, o processo também recicla metais. Para um veículo de uma tonelada são reaproveitados, em média, 800kg de ferro, 9kg de cobre (totalmente reutilizados), 68kg de alumínio e 3g de platina e paládio. E tem mais uma vantagem: o preço dos componentes usados representa apenas um terço ou um quinto do valor cobrado pelas peças novas.
Outra característica importante da lei japonesa é a participação do usuário. Se ele adquirir um carro novo, deve pagar uma taxa de reciclagem no momento da inspeção periódica. Nenhum automóvel pode circular no país sem passar por essa fiscalização, ou seja, o recolhimento da taxa se torna obrigatório.
De acordo com Tsugumi, todos esses benefícios são incentivos à formulação de projetos de reciclagem de veículos no Brasil. "O país tem 50 milhões de automóveis. Se não houver um mecanismo adequado de renovação, tudo vai virar uma montanha de lixo. Está aí uma grande oportunidade de negócio", destacou.
Norihiko Kondo acrescentou que o projeto de reciclagem implantado no Japão não enfrentou sérios entraves. "Tivemos problemas na trituração dos resíduos, que eram abandonados em pequenas ilhas. Hoje, o governo está resolvendo esse problema a partir da indústria venal, que elimina os resíduos com mais eficiência. Queremos que outros países aprendam com os nossos erros", afirmou.
Kondo enumerou outros pontos positivos que o sistema pode trazer às nações em desenvolvimento: geração de empregos, aumento da arrecadação de impostos pelo governo, melhorias no meio ambiente, crescimento econômico e transferência tecnológica entre os países, além do fortalecimento das relações entre o Japão e seus parceiros comerciais.
Norihiko Kondo acrescentou que o projeto de reciclagem implantado no Japão não enfrentou sérios entraves. "Tivemos problemas na trituração dos resíduos, que eram abandonados em pequenas ilhas. Hoje, o governo está resolvendo esse problema a partir da indústria venal, que elimina os resíduos com mais eficiência. Queremos que outros países aprendam com os nossos erros", afirmou.
Kondo enumerou outros pontos positivos que o sistema pode trazer às nações em desenvolvimento: geração de empregos, aumento da arrecadação de impostos pelo governo, melhorias no meio ambiente, crescimento econômico e transferência tecnológica entre os países, além do fortalecimento das relações entre o Japão e seus parceiros comerciais.
Desafio
De acordo com o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, a falta de incentivos e de infraestrutura são dois grandes desafios que o Brasil precisa enfrentar. "Apesar das dificuldades, sabemos que é possível fazer. É um assunto complexo, que envolve indústria e comércio, mas precisamos ir atrás de soluções. O papel do governo é fundamental nesse trabalho", disse.
De acordo com o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, a falta de incentivos e de infraestrutura são dois grandes desafios que o Brasil precisa enfrentar. "Apesar das dificuldades, sabemos que é possível fazer. É um assunto complexo, que envolve indústria e comércio, mas precisamos ir atrás de soluções. O papel do governo é fundamental nesse trabalho", disse.
A frota com idade avançada dos veículos brasileiros, pontuou Batista, traz resultados negativos como a queda de desempenho, aumento de consumo, emissão de mais poluentes e prejuízos à qualidade de vida. Ele ainda destacou a importância do seminário, considerado "uma oportunidade de tratar de maneira séria, eficiente e racional o problema da reciclagem de veículos e renovação de frota no Brasil".
Fonte: Agência CNT de Notícias