A DAF, empresa do grupo americano Paccar, se instalou no Brasil e preferiu primeiro estruturar muito bem sua base para depois conquistar seu espaço de maneira sólida. À frente da operação, Marco Antonio Davila, contador, administrador, gerente de Marketing por 12 anos, passagens por dois bancos e uma corretora de valores, tesoureiro e diretor de crédito de um grupo mexicano. Depois passou a ser diretor de concessionária, diretor de Operações no México, foi para a Europa onde se tornou diretor Geral, e está no Brasil há seis meses. Com toda essa experiência, esse mexicano promete apimentar o mercado.
Apesar dos boatos, ninguém tinha certeza da chegada da DAF ao Brasil e de repente ela já estava instalada no Paraná. Como foi esse processo?
Apesar dos boatos, ninguém tinha certeza da chegada da DAF ao Brasil e de repente ela já estava instalada no Paraná. Como foi esse processo?
Marco Antonio Davila - A Paccar estava estudando o Brasil há 30 anos. Nos anos
Por que se instalar em Ponta Grossa, PR?
Davila - Ponta Grossa foi escolhida entre 25 cidades por ter total acessibilidade, grande possibilidade de treinar pessoas, de contratar engenheiros e pessoas para a produção. A cidade é muito boa para se morar e está considerando a DAF como a empresa da cidade, e não apenas mais uma empresa. O prefeito franqueou o nosso acesso e qualquer coisa que precisamos, falamos direto com ele que resolve rapidamente, sem burocracia. É um excelente parceiro e contamos com a proximidade do Porto de Paranaguá. O prefeito foi tão gentil que renomeou a avenida em torno do nosso terreno como Avenida DAF.
Como convencer o cliente a comprar um caminhão DAF?
Davila - A qualidade dos caminhões produzidos no Brasil será a mesma da Europa. Temos todos os sistemas de controle de qualidade utilizados nas mais modernas fábricas. Nosso Centro de Distribuição pode atender o cliente de maneira rápida com peças originais. A DAF está expandindo forte e agora o foco principal é o Brasil. O plano é chegar a 20% de participação na Europa nos próximos cinco anos e a 10% nos próximos cinco anos aqui no Brasil. Iniciaremos as vendas em julho de 2013 com o modelo XF 100, estradeiro, top de linha, para longas distâncias e carga pesada. Em outubro de 2014 lançaremos o CF 85, médio e em 2017 completaremos nossa linha com o modelo LF, leve. O DAF é um veículo de alta qualidade, melhor ergonomia, excelente serviço de peças, melhor pós-venda, consumo de diesel similar e um melhor valor de revenda.
Como fica a produção?
Davila - Apenas na planta onde trabalharão inicialmente 300 funcionários, foram investidos R$ 380 milhões e em 2013 produzirá 1.000 unidades. Queremos produzir devagar, mas com muita qualidade, pois qualquer problema em termos de qualidade, a imagem da empresa é afetada e para recuperá-la é muito difícil. Estamos aqui pra ficar 50, 100 anos. Por isso estamos tomando todas as precauções. Inicialmente fabricaremos o modelo XF, quatro meses depois o CF e depois de três anos, o LF. Em 2014 estaremos produzindo 5 mil caminhões/ano.
Com qual índice de nacionalização os caminhões serão produzidos?
Davila - Com 65% para que ele possa entrar no programa do Finame. Selecionamos vários fornecedores nacionais. A Metalasa fornecerá o chassi, a Usiminas a cabine, os pneus serão da Goodyear e Bridgestone, a suspensão será da Suspensys. O bloco do motor será feito pela Tupy e enviado para a Europa onde acontecerá a montagem do cabeçote e do virabrequim. Não fizemos tudo na Europa para conseguirmos o índice de nacionalização. Não compramos motores nacionais de fornecedores renomados para termos um diferencial, que é justamente o nosso motor, produzido pela DAF, mas com o nome de Paccar e utiliza a tecnologia SCR para atender os níveis de emissões do Proconve P7. O eixo traseiro é Meritor e o dianteiro é DAF, porém, produzido pela Meritor, o motor é Paccar, produzido pela DAF. As lâminas da cabine serão importadas da Bélgica, pela Usiminas que obedecerão os padrões da certificação do modelo na Bélgica.
Como ficará a rede de concessionárias?
Davila - Em 2013 teremos 60 lojas. Atualmente estamos fazendo contatos com 58 candidatos e já temos 25 concessionárias. Hoje, não será necessário construir uma concessionária enorme, mas sim apenas o suficiente para poder atender muito bem os clientes. Com o tempo, as concessionárias crescerão.
Mas como as concessionárias venderão um caminhão que ainda não está sendo fabricado? Vocês vão importar caminhões?
Davila - Não queremos importar caminhões. Queremos que todos os caminhões expostos sejam produzidos no Brasil. Os concessionários começam as atividades entre março e abril, antes da fábrica. Iremos trazer entre 200 e 300 veículos para que nossa rede possa mostrar ao mercado. Será apenas o modelo XF que servirá também para fazer treinamento técnico e mecânico de toda a rede. E essa rede irá garantir que o caminhoneiro que comprar um DAF em São Paulo, poderá ir para o Norte com toda a tranquilidade, pois terá o apoio de uma rede preocupada em dar total apoio onde quer que o caminhão se encontre. Também ofereceremos contrato de manutenção, um Centro de Distribuição de peças para garantir a retaguarda e o caminhão sempre rodando.
Fonte: Revista Caminhoneiro