segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

TRANSPORTAR CARGAS SUPERDIMENSIONADAS EM SP É O CAOS

Só a tarifa adicional de pedágio pode custar R$ 285 mil.

Taxas de autorização especial de trânsito e de escolta policial, tarifa adicional de pedágio, tarifas de operação especial, de remoção de interferência, de cadastramento de escolta, além da tarifa de pedágio com os preços mais altos do País. A lista é enorme e representa apenas alguns dos custos do transporte de carga superpesada e superdimensionada em São Paulo.

Segundo o Sindicato Nacional das Empresas de Transporte e Movimentação de Cargas Pesadas e Excepcionais (Sindipesa), o transporte de um transformador de 300 toneladas de Santos a Uberaba pode custar mais de R$ 285 mil só de tarifa adicional de pedágio (TAP). “Transportar cargas especiais em São Paulo custa oito vezes mais que no restante do País”, afirma o vice-presidente executivo do Sindipesa, João Batista Dominici.

Ele toma como base a comparação entre o custo de realizar um transporte com 170 toneladas de PBT de Guarulhos a Uberaba de duas maneiras: ou utilizando rodovias estaduais concedidas ou rodovias federais. A distância, pelas rodovias federais, é o dobro, mas veja esta comparação: pelas estaduais concedidas, em 501 quilômetros, a despesa com pedágio é de R$ 65,4 mil; pelas federais, em 1.024 quilômetros, a despesa é de R$ 8 mil.

Uma Autorização Especial de Trânsito (AET), no DNIT, custa R$ 16,54 para o tráfego em rodovias federais. Já no Departamento de Estradas de Rodagem (DER) de São Paulo vai de R$ 28,39 a R$ 179,44. E ainda demora muito mais, porque o processo não é informatizado. Por isso, quem transporta carga especial nas estaduais paulistas costuma pagar despachante.

As concessionárias paulistas também têm o direito de cobrar, além da tarifa de pedágio, adicionais por “serviços prestados na elaboração e implantação de esquemas operacionais necessários às operações especiais para o transporte de cargas excepcionais que possam afetar diretamente a fluidez e a segurança do tráfego”.

Para piorar, o DER e a ARTESP publicaram duas portarias que podem tornar as regras para o transporte de cargas especiais ainda mais burocráticas e caras.

Atualmente, as concessionárias podem programar equipes próprias para acompanhar a travessia sempre que o conjunto transportador apresentar largura maior que 5 metros, altura acima de 5,40 metros e PBT acima de 100 toneladas. As novas normas preveem que o transporte seja acompanhado toda vez que a largura da carga exceda 3,20 metros, a altura seja maior que 5 metros e o PBT acima de 60 toneladas. “Além de encarecer para nós, isso vai fazer uma travessia rápida passar a demorar dias, na dependência de equipes de concessionárias e de pessoal do DER”, reclama Dominici.

Outra medida que vai elevar o custo do transporte de carga especial, prevista na portaria no 40 do DER, é a que reduz em até 1,5 tonelada a capacidade por eixo dos reboques modulares (linhas de eixos) com mais de 10 anos de fabricação. “Não há comprovação de que essa medida ajude a poupar pavimento. O que haverá é o aumento do número de eixos para a mesma carga, aumentando o risco de acidentes e de quebra do equipamento”, afirma o engenheiro mecânico da Transtech, Rubem de Melo.

Atendendo a apelo do Sindipesa e da própria associação das concessionárias, o governo paulista suspendeu a vigência das novas regras, para revisá-las, até março. Originalmente, elas passariam a valer em novembro.


Fonte: Carga Pesada