terça-feira, 5 de novembro de 2013

FABRICANTES DE PNEUS DE CARGA INVESTEM R$ 1 BI POR ANO NO BRASIL

Anip assegura que indústria nacional é autossuficiente; produção cresceu 11,5%.

“Os fabricantes de pneumáticos têm trabalhado a todo vapor para atender a alta demanda por pneus de carga no Brasil. Isso tem sido possível porque desde 2007 as empresas investem R$ 1 bilhão por ano no País para aumentar a capacidade produtiva e modernizar equipamentos.” Foi com esta explicação que Alberto Mayer, presidente da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, a Anip, iniciou conversa com Automotive Business, para não deixar dúvidas de que a indústria nacional ganhou capacidade suficiente para atender tanto o mercado de reposição quanto às montadoras instaladas no Brasil. 

Segundo o executivo, a produção de pneus para caminhões e ônibus cresceu 11,5% de janeiro a setembro deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, para 6,1 milhões de unidades. Foi motivada pelo avanço da safra agrícola, que impulsionou a retomada do setor de caminhões (a produção de veículos novos avançou 50,9% no período, segundo a Anfavea, associação nacional dos fabricantes) e também o consumo de pneus pelas montadoras e aftermarket. 

As vendas no mercado interno acompanharam a evolução, com alta de 16,2% de janeiro a setembro deste ano, para 6,5 milhões de pneus de carga, o que representa 1 milhão a mais do que no ano passado. Deste total, 43% foram consumidos pelas montadoras. 

Mas as importações aumentaram ainda mais no período: 18,6%, para 1,8 milhão de pneus, vindos principalmente do Japão e países da América do Sul. Mayer salienta que essa alta não está relacionada à falta de capacidade produtiva interna, mas ao fato de que os produtos brasileiros não têm preços competitivos. 

“A indústria nacional de maneira geral tende arcar com altos custos de impostos, matéria-prima, mão de obra e ainda com falta de infraestrutura. O pneu brasileiro é de qualidade internacionalmente reconhecida, mas muitas vezes os fabricantes do exterior levam vantagem por terem menor custo de produção. Com menor preço, vendem mais, principalmente no mercado de reposição.” 

Outra prova da falta de competitividade é que as exportações de pneus de carga continuam a cair. Tiveram uma retração de 14,2% nos primeiros nove meses do ano em relação ao ano passado, segundo o executivo. “O declínio das exportações e a balança comercial negativa só poderão ser revertidos com medidas que ampliem a competitividade nacional, a partir da redução de custos”, afirma. 

NOVO FABRICANTE 

Atualmente, o maior importador de pneus de cargas para o Brasil é o Grupo Sumitomo Rubber Industries, dono da marca Dunlop, que desde o início de outubro produz somente pneus para carros de passeio, SUVs e vans em sua primeira fábrica nas Américas, recém-inaugurada em Fazenda Rio Grande (PR). 

O Grupo Sumitomo, hoje o quinto maior produtor de pneus do mundo, vendeu em 2011 no Brasil 270 mil pneus de carga importados do Japão. Este ano, já importou mais de 400 mil deles para fornecer ao mercado de reposição. 

A boa notícia é que o grupo japonês irá produzir na planta paranaense pneus para veículos pesados em 2016 com investimento de R$ 500 milhões. Serão feitos no primeiro ano 350 deles por dia, segundo Renato Baroli, gerente comercial e de marketing da Dunlop. 

“Com a produção nacional da Dunlop, o volume de importações vai cair consideravelmente”, afirma Mayer. De acordo com o executivo, dos dez fabricantes de pneus instalados no País, seis produzem os componentes para caminhões e ônibus. 

EXPECTATIVAS PARA 2014 

O presidente da Anip prevê que o setor de pesados manterá em 2014 o mesmo desempenho ou pouco acima do que tem sido observado este ano. “Não há nada no cenário que mostre que a indústria de pneumáticos terá retração ou grande avanço. A tendência é de estabilidade ou, na melhor das hipóteses, de pouco crescimento”, conclui.


Fonte: Automotive Business