quarta-feira, 24 de abril de 2013

MWM FAZ 60 ANOS COM 4 MILHÕES DE MOTORES PRODUZIDOS


Empresa projeta crescer 25% em 2013 e volta a produzir motores na Argentina.

A fabricante de motores diesel MWM International comemora este mês 60 anos no Brasil, praticamente o mesmo tempo da instalação da indústria automobilística no País, na interessante posição de multinacional com desenvolvimento local independente de produtos para mercados globais. Nestas seis décadas, a empresa produziu 4 milhões de motores – marca alcançada no último dia 15. Também em abril se completam oito anos que a companhia de origem alemã MWM foi comprada pela americana Navistar, para formar, em 2005, a MWM International, que hoje supera a matriz em produção. Em 2013 a projeção é fazer aqui 140 mil propulsores, em crescimento de 25% sobre o fraco 2012, contra cerca de 100 mil nos Estados Unidos. Os investimentos seguem a expansão e devem somar US$ 50 milhões este ano.

A história da MWM International segue ordem inversa do ocorrido com a maioria das empresas multinacionais do setor que se instalaram no Brasil nos anos 1950. Em vez de replicar aqui tecnologias desenvolvidas pelas matrizes, foi necessário desenvolver no País os próprios motores. Por isso, com produtos voltados só para a América do Norte, a Navistar encontrou no Brasil o portfólio que precisava para se internacionalizar. 

Esse movimento ocorreu em dois lances, o primeiro em 2001 com a compra da divisão de motores do Grupo Iochpe Maxion (criada em 1984 com a aquisição das operações brasileiras da canadense Massey Perkins). Quatro anos depois veio a aquisição da MWM, cuja história remonta aos primórdios da indústria automotiva, quando Karl Benz, o inventor do automóvel com motor a combustão, criou uma divisão separada de motores da sua empresa, ao fundar em 1922 a Motoren-Werke Mannheim AG, que originou a sigla MWM. O negócio em 1926 foi adquirido pela também alemã Knorr-Bremse, que em 1986 vendeu para a Deutz a unidade de motores na Alemanha, focada só em motores estacionários, mas manteve a operação solitária no Brasil, que desde os anos 1970 fez dos fabricantes de caminhões e ônibus seus principais clientes. 

DESENVOLVIMENTO NACIONAL 

“Como nenhuma das duas empresas (que deram origem à MWM International) tinha casa matriz no exterior, tudo foi desenvolvido aqui e continua sendo assim em muitos casos, pois nosso centro tecnológico (instalado na fábrica no bairro paulistano de Santo Amaro, que opera desde 1956 no mesmo endereço) é responsável por todos os projetos de motores exportados ou produzidos pela companhia fora da América do Norte, incluindo a adaptação de toda a linha para os padrões de emissão Euro, que são os mais usados em todo o mundo”, conta José Eduardo Luzzi, presidente da MWM International, que tem 3,5 mil empregados em três fábricas no Mercosul, duas no Brasil (São Paulo e Canoas, RS) e uma na Argentina (Jesus Maria). O faturamento não é divulgado oficialmente, mas é sabido que ultrapassa a casa de US$ 1 bilhão por ano.

“A MWM é hoje a base do crescimento global da International Engine Group, tanto em exportações diretas para mais de 30 países como em transferência de tecnologia para outros mercados”, completa Luzzi, citando os casos da Índia e China, onde são produzidos motores com tecnologia desenvolvida pela subsidiária brasileira da Navistar. O centro de engenharia em São Paulo tem 220 engenheiros, que contam com 28 bancos de prova e 68 estações de desenvolvimento CAD/CAE. Ao todo, a empresa tem um portfólio próprio de cinco linhas de motores automotivos para caminhões e picapes, além de outras quatro para aplicações off road, em tratores e máquinas agrícolas.

“O alto nível de desenvolvimento e conteúdo local sempre foi nosso diferencial competitivo”, diz Luzzi. “Hoje nossos produtos têm índice de nacionalização médio de 70% e em alguns casos acima de 90%, o que nos coloca em situação vantajosa para atender as exigências do Inovar-Auto (a política industrial voltada ao setor automotivo, que prevê o aumento do uso de componentes domésticos nos veículos nacionais e maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento no País).” 

CRESCIMENTO ATÉ NA ARGENTINA 

Luzzi está otimista sobre as perspectivas futuras de crescimento. Ele enumera vários vetores que devem impulsionar a produção de motores nos próximos anos: “A deficiência da infraestrutura do País exige muitas obras, assim como os grandes eventos esportivos (Copa em 2014 e Olimpíada em 2016). Um possível programa de renovação da frota deve expandir o mercado de forma sustentável, sem criar bolhas. As safras agrícolas recordes precisam de muitos caminhões para transportá-las. São todos fatores que levam à expansão dos nossos negócios”, afirma o executivo. 

Com as linhas de produção aquecidas (foi o melhor janeiro da história, com 10.697 unidades vendidas), a MWM decidiu reativar a produção de motores na fábrica de Jesus Maria, na Argentina, que nos últimos 10 de seus 19 anos de idade anos só fazia componentes, como cabeçotes e eixos. Toda a linha de motores de 9,3 litros foi transferida de Canoas para lá e 100% deles serão exportados para o Brasil. Também serão feitos na planta argentina os motores agrícolas 229 e os MaxxForce 4.8 e 7.2, principalmente para atender a produção de ônibus e tratores da Agrale no país vizinho, além de outros possíveis clientes ainda em prospecção. A expectativa é produzir 1 mil propulsores este ano, 600 deles para o mercado brasileiro. “Essa é uma forma inteligente de equilibrar a produção entre os dois países e atender as necessidades de produção local colocadas pelo governo argentino”, explica Luzzi.

Segundo o executivo, a resposta para a tendência de maior verticalização dos clientes, que têm planos de colocar motores de fabricação própria em seus veículos, está na boa relação construída ao longo de décadas e da flexibilidade para se adaptar às necessidades, como aconteceu com a MAN e a GM. Em 2012, ambas passaram a usar motores próprios no Brasil, mas ambos são produzidos em fábricas da MWM. 

“Nós não perdemos os clientes e eles não precisaram investir em novas plantas, nem no desenvolvimento de fornecedores ou logística. Fazemos o serviço completo”, destaca Luzzi. Hoje esses são os maiores contratos já fechados na história da empresa e respondem por pouco mais de 50% da produção. O motor VM, usado pela GM na nova geração da picape Chevrolet S10, ocupa todas as três fábricas da MWM no Mercosul: o bloco é usinado em São Paulo, o cabeçote na Argentina e a montagem é feita em Canoas.

As exportações também devem continuar a avançar com a maturação de dois grandes contratos, com a Otokar da Turquia e a Daewoo na Coreia, qus nos próximos cinco anos devem comprar 20 mil motores MaxxForce 3.2H Euro 3, 4 e 5 para seus micro-ônibus. Mais de 90% desses propulsores produzidos no Brasil pela MWM são exportados, mas Luzzi adianta que essa proporção deve mudar em breve, com a conquista de clientes nacionais para o modelo. Ele calcula que, nos próximos três anos, o mais novo filho da engenharia brasileira da empresa deverá representar cerca de 15% da produção total. 

Em volumes, as exportações de motores completos devem representar 8% da produção este ano, mas Luzzi lembra que a MWM também usina e envia daqui todos os blocos para motores de 13 litros montados pela International nos Estados Unidos, além de 100% dos cabeçotes para propulsores de seis cilindros feitos na matriz. 

Em 2013 a MWM projeta continuar com fatia de 30% dos motores diesel produzidos no Mercosul, que deverão somar 475 mil na região este ano, em expansão de 11% sobre 2012. A empresa projeta crescer mais que o dobro da média do mercado, 25%, com 140 mil unidades fabricadas, 53 mil delas para equipar caminhões. São esperados avanços em todas as áreas de atuação. A produção de caminhões deve avançar 28%, para 170 mil; a de tratores 14%, para 33 mil; a de máquinas agrícolas 10%, para 70 mil; e a de picapes 10%, para 190 mil. 

Os motores para caminhões continuam respondendo pela maior parte das vendas da MWM, com 38% do bolo este ano. O segundo maior negócio são as picapes (17%), seguido por ônibus (16%), reposição (16%) e tratores e máquinas agrícolas (14%). 

Fonte: Automotive Business