Sindicato
traz motoristas do país vizinho para compensar falta de mão de obra estimada em
100 mil vagas.
NTC&Logística, associação que representa as
maiores transportadoras do País, acredita que faltam cerca de 100 mil
profissionais para dirigir caminhões no Brasil. A estimativa pode ser
exagerada, mas o apagão de mão de obra no setor é evidente. Para contornar o
problema, o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Paraná
(Setcepar) resolveu “importar” caminhoneiros da Colômbia.
Diego Castelblanco, 31 anos, é um deles. Há dez
dias, ele chegou a Curitiba para iniciar treinamento no Instituto Setcepar de
Educação no Transporte (Iset). “Vim em busca de uma vida melhor, de um salário
melhor, e também para aprender português e conhecer o País”, afirma. Da cidade
de Ucaramanga, ele diz que, trabalhando como caminhoneiro na Colômbia, ganhava
o equivalente a R$ 2 mil e, no Brasil, ganhará entre R$ 3 mil e R$ 4 mil. Ele
será contratado pela transportadora TDM e vai puxar bobina de papel e produtos
perigosos, entre outras cargas.
Lá, ele trabalhava até 14 horas diárias e aqui
acredita que não vai ultrapassar a carga horária prevista na Lei do Descanso
(12.619), que vigora há dois anos. A lei garante aos caminhoneiros empregados
os mesmos direitos dos demais trabalhadores brasileiros, ou seja, carga horária
de 8 horas diárias e 44 semanais. “Vou ter de dirigir menos, senão a polícia
pega”, afirma. Castelblanco diz que seu país vive bom momento econômico, mas
que, na profissão de caminhoneiro, as oportunidades no Brasil são melhores.
“Acho que terei melhor qualidade de vida”, ressalta.
João Paulo Andrade Neto é instrutor do instituto do
Setcepar e está treinando o grupo composto por dez colombianos, num curso que
vai durar três semanas. “Além da integração, eles recebem informações sobre as
legislações brasileiras trabalhista e de trânsito”, conta.
O presidente do Setcepar, Gilberto Cantú, explica
como se deu a aproximação da entidade com os motoristas colombianos. “Um
instrutor colombiano participou de um curso do sindicato, no final do ano
passado, e falou sobre a realidade do país dele neste setor. Ele voltou para
Colômbia e começou a enviar os currículos de caminhoneiros interessados em
trabalhar no Brasil. Em três meses, já temos 200 cadastrados”, conta. A
expectativa é de que, nos próximos meses, outros 50 motoristas sejam
contratados por empresas no Paraná.
Fonte:
Carga Pesada