Só a tarifa adicional
de pedágio pode custar R$ 285 mil.
Taxas de autorização especial de trânsito e de escolta policial, tarifa
adicional de pedágio, tarifas de operação especial, de remoção de
interferência, de cadastramento de escolta, além da tarifa de pedágio com os
preços mais altos do País. A lista é enorme e representa apenas alguns dos
custos do transporte de carga superpesada e superdimensionada em São Paulo.
Segundo o Sindicato Nacional das Empresas de Transporte e
Movimentação de Cargas Pesadas e Excepcionais (Sindipesa), o transporte de um
transformador de 300 toneladas de Santos a Uberaba pode custar mais de R$ 285
mil só de tarifa adicional de pedágio (TAP). “Transportar cargas especiais em
São Paulo custa oito vezes mais que no restante do País”, afirma o
vice-presidente executivo do Sindipesa, João Batista Dominici.
Ele toma como base a comparação entre o custo de realizar um
transporte com 170 toneladas de PBT de Guarulhos a Uberaba de duas maneiras: ou
utilizando rodovias estaduais concedidas ou rodovias federais. A distância,
pelas rodovias federais, é o dobro, mas veja esta comparação: pelas estaduais
concedidas, em 501 quilômetros, a despesa com pedágio é de R$ 65,4 mil; pelas
federais, em 1.024 quilômetros, a despesa é de R$ 8 mil.
Uma Autorização Especial de Trânsito (AET), no DNIT, custa
R$ 16,54 para o tráfego em rodovias federais. Já no Departamento de Estradas de
Rodagem (DER) de São Paulo vai de R$ 28,39 a R$ 179,44. E ainda demora muito
mais, porque o processo não é informatizado. Por isso, quem transporta carga
especial nas estaduais paulistas costuma pagar despachante.
As concessionárias paulistas também têm o direito de cobrar,
além da tarifa de pedágio, adicionais por “serviços prestados na elaboração e
implantação de esquemas operacionais necessários às operações especiais para o
transporte de cargas excepcionais que possam afetar diretamente a fluidez e a
segurança do tráfego”.
Para piorar, o DER e a ARTESP publicaram duas portarias que
podem tornar as regras para o transporte de cargas especiais ainda mais
burocráticas e caras.
Atualmente, as concessionárias podem programar equipes
próprias para acompanhar a travessia sempre que o conjunto transportador
apresentar largura maior que 5 metros, altura acima de 5,40 metros e PBT acima
de 100 toneladas. As novas normas preveem que o transporte seja acompanhado
toda vez que a largura da carga exceda 3,20 metros, a altura seja maior que 5
metros e o PBT acima de 60 toneladas. “Além de encarecer para nós, isso vai
fazer uma travessia rápida passar a demorar dias, na dependência de equipes de
concessionárias e de pessoal do DER”, reclama Dominici.
Outra medida que vai elevar o custo do transporte de carga
especial, prevista na portaria no 40 do DER, é a que reduz em até 1,5 tonelada
a capacidade por eixo dos reboques modulares (linhas de eixos) com mais de 10
anos de fabricação. “Não há comprovação de que essa medida ajude a poupar
pavimento. O que haverá é o aumento do número de eixos para a mesma carga,
aumentando o risco de acidentes e de quebra do equipamento”, afirma o
engenheiro mecânico da Transtech, Rubem de Melo.
Atendendo a apelo do Sindipesa e da própria associação das
concessionárias, o governo paulista suspendeu a vigência das novas regras, para
revisá-las, até março. Originalmente, elas passariam a valer em novembro.
Fonte: Carga Pesada