Pela segunda vez em 2013, a Fórmula Truck vê um piloto
ocupar o degrau mais alto do pódio pela primeira vez. Quem comemorou a vitória
inédita neste domingo (19) foi o gaúcho Régis Boessio, que alcançou na
penúltima das 23 voltas do GP Aurélio Batista Félix a liderança e a vitória na
terceira corrida do ano. O evento reuniu público estimado em cerca de 50.000
pessoas no Autódromo Internacional Ayrton Senna, em Caruaru (PE).
A corrida pernambucana contou pontos pelos dois campeonatos
da Fórmula Truck. No Brasileiro, o paulista Paulo Salustiano manteve-se líder
com o segundo lugar neste domingo. Foi a 70 pontos, apenas um à frente do
vice-líder Boessio, que assumiu a primeira posição na tabela do Sul-Americano,
agora com 43 pontos, dois a mais que o adversário paulista. Wellington Cirino,
que enfrentou problemas, é terceiro nas duas competições.
Segundo no grid, Boessio perdeu uma posição na largada e só
voltou à vice-liderança da corrida após a intervenção programada do Pace Truck,
com a parada de Cirino nos boxes. Na penúltima volta, percebendo que o pole e
líder Leandro Totti enfrentava dificuldades com a queda de rendimento do
caminhão da MAN Latin America, Boessio intensificou sua pressão, assumiu a
liderança e tornou-se o 24º piloto a ganhar uma corrida na categoria.
“Superação”, respondeu, quando solicitado a definir a
vitória em uma única palavra. “Tive um fim de semana difícil na equipe, no
evento. Para mim, a ficha ainda não caiu. Está tudo igual, nada mudou. Daqui a
pouco vou me dar conta de que venci uma corrida”, disse. “No fim, eu aumentei o
risco na minha pilotagem, passei a acreditar mais. Percebi que o Totti tinha
problemas e sabia que tinha de estar perto para aproveitar. Deu certo”,
resumiu.
A liderança do Sul-Americano e a vice-liderança do
Brasileiro, nos dois casos em duelos equilibrados com Salustiano, não iludem
Boessio. “Essa é a primeira vez que começamos o ano lutando pelo títulos, é só
o começo, ainda tem muita coisa para acontecer. Acho que os pilotos a serem
batidos daqui em diante são os pilotos dos caminhões MAN, que virão muito
fortes”, anteviu. “Se quisermos algo em termos de campeonato, teremos de
evoluir muito”.
Salustiano, que ultrapassou Totti na linha de chegda,
disse-se muito satisfeito. “Foi difícil acertar o caminhão aqui. No fim, fiquei
feliz por conseguir ultrapassar. Não pelo problema do Totti, mas por passar.
Corrida é assim, isso já aconteceu comigo, hoje foi com ele”, falou o piloto da
ABF Racing Team. “Eu tive de administrar bastante a temperatura do motor, já
estava tirando o pé (do acelerador) nas retas para refrigerar o motor”, revelou
o líder do Brasileiro.
Totti, que em Caruaru conquistou sua quinta pole-position,
liderou 21 das 23 voltas da corrida. “Trabalhamos duro durante o fim de semana
todo e fomos recompensados, com muitos pontos. Estou feliz”, resumiu. O piloto
da MAN Latin America teve problemas após passar sobre uma zebra da pista e ter
rompido o reservatório de água do sistema de freios. “No fim, eu freava na
linha de chegada para conseguir para no fim da reta”, contou.
Representante pernambucano na Truck, Beto Monteiro foi
quarto. “Na verdade, é um resultado que me deixa muito feliz. Eu tive problemas
desde os treinos com o catalisador. Corri com medo do catalisador me deixar
pelo meio do caminho”, admitiu o piloto da Scuderia Iveco. "No fim comecei
a perder potência por causa disso, mas consegui levar até o fim e deu pódio.
Fora isso, o caminhão é muito forte, é para disputar vitórias”, avalizou.
O goiano Leandro Reis levou o Scania da Original Reis
Competições ao pódio pela segunda vez consecutiva, em quinto. “Para a nossa
equipe, um pódio é vitória. Nós temos um problema sério de orçamento, e é
lógico que isso dificulta qualquer meta”, admitiu. “Na corrida, eu sabia que
estava em quinto e que tinha um lugar no pódio, mas a cabeça era de chegar mais
à frente. Todo piloto acha que pode sempre chegar mais à frente”, comentou.
A CORRIDA
Na largada, Wellington Cirino, terceiro colocado no grid,
ultrapassou Régis Boessio. Na primeira curva da prova, Adalberto Jardim saiu da
pista e, ao voltar, desgovernado, atingiu Alberto Cattucci. Beto Monteiro,
oitavo no grid, também fez uma largada produtiva e assumiu o sexto lugar.
Roberval Andrade, em sua tentativa de recuperar a posição, envolveu-se num
toque com Valmir “Hisgue” Benavides e saiu da pista, caindo para 11º.
Enquanto Andrade procurava os boxes com problemas no Scania
do Corinthians, Totti completava a primeira volta com 1s385 de vantagem sobre
Cirino. Vantagem que subiu para 2s452 depois de duas voltas e para 3s291 na
terceira, quando Jardim, advertido pela direção de prova por conta do incidente
na largada, saiu da pista e ficou com seu Volkswagen-MAN parado ao fim da reta
oposta – o que ocasionou a entrada do Pace Truck na pista.
A essa altura, Luiz Lopes e Jansen Bueno, que foram
desclassificados da tomada de tempos e largaram das últimas posições, já
ocupavam a 12ª e a 14ª posição, respectivamente. José Maria Reis, que recebeu a
mesma punição, era 19º. As duas voltas percorridas pelos pilotos sob bandeira
amarela, atrás do Pace Truck, não foram computadas na cronometragem, seguindo o
que determina o regulamento desportivo da Fórmula Truck.
Dada a relargada, com 14 minutos de corrida, Cattucci não
conseguiu frear no ponto ideal e, com rodas bloqueadas, saiu da pista no mesmo
ponto da pista onde houve o incidente com Jardim. Ao fim da reta oposta, Beto
Monteiro recebeu aplausos da torcida com a ultrapassagem sobre Leandro Reis,
que lhe valeu a quinta posição na prova. Na sétima volta, com problemas na
turbina, o paranaense Jansen Bueno abandonou a prova à beira da pista.
Foi o mesmo instante em que Edu Piano foi
convocado aos boxes, por determinação da direção de prova, por excesso de
fumaça em seu caminhão Ford. Na abertura da oitava volta, Geraldo Piquet, até
então oitavo colocado, estacionou seu Mercedes-Benz fora da pista ao lado da
reta dos boxes. Após oito voltas, na intervenção programada do Pace Truck, os
cinco primeiros eram Totti, Cirino, Boessio, Paulo Salustiano e Monteiro.
Atribuídos os pontos, Cirino tomou o caminho dos boxes na
tentativa de sanar a queda de pressão no turbo. Com pontos de bonificação
atribuídos aos cinco primeiros à volta do Pace Truck na pista, a relargada
deu-se após mais duas voltas. Logo depois, Débora Rodrigues abandonou, com
problemas na turbina. Diogo Pachenki, que largou dos boxes por conta de um
problema na polia de seu Mercedes-Benz, assumiu a 11ª posição.
Com o caminhão de Débora estacionado em posição de risco na
pista, o Pace Truck pilotado por Talula Pascoli foi acionado pela terceira vez.
A essa altura, a equipe de Cirino, já com duas voltas de desvantagem em relação
ao líder, providenciava a substituição da turbina de seu caminhão. Sua
pretensão era de voltar à pista para, contando com o eventual abandono de mais
pilotos, marcar pontos nos campeonatos Brasileiro e Sul-Americano.
A nova relargada marcou a tentativa de ultrapassagem de
Boessio sobre Totti, pelo lado de fora da reta dos boxes. No complemento da
volta, foi André Marques quem rodou ao fim da reta, saindo da pista – o
paulista devolveu seu Volkswagen-MAN à pista logo em seguida. Salustiano,
que largou com pneus menos desgastados, aumentava sua pressão sobre Boessio. A
diferença entre os três primeiros colocados, após 11 voltas, era de 1s227.
Cirino retornou à pista a três voltas do líder, ocupando a
18º colocação, e precisava de quatro ultrapassagens para figurar na zona de
pontuação. Totti, líder com menos de um segundo à frente de Boessio,
apresentava vazamento no reservatório de água do sistema de freios. Felipe
Giaffone, seu companheiro de equipe e recordista de vitórias em Caruaru,
abandonou a corrida na 14ª volta, com problemas no motor de seu caminhão MAN.
O toque entre Cattucci e Rogério Castro, companheiros de
equipe na ABF/Volvo, permitiu na 17ª volta que Marques, buscando reabilitação,
tomasse a 11ª colocação – passou a ser décimo instantes depois, quando
Pachenki, oitavo colocado, estacionou nos boxes com quebra na turbina. Boessio,
em segundo, completou a 19ª volta a 0s691 de Totti. A diferença chegou a 0s557
na volta seguinte, quando os dois quase se tocaram ao fim da reta.
Na abertura da penúltima volta, Boessio ameaçou tentar
pressionar Totti pela linha externa da pista, ainda na reta, e encontrou espaço
por dentro no contorno da primeira curva para fazer a ultrapassagem que lhe deu
a liderança. Luiz Lopes, em nono, recebia punição por excesso de velocidade no
ponto da pista onde um radar limita o tráfego a 160 km/h. Monteiro, quarto,
intensificou a pressão sobre Salustiano na disputa pelo terceiro lugar.
Quando abriu a última volta, Boessio estava 2s495 à frente
de Totti. No duelo pelo terceiro lugar, Salustiano e Monteiro tocaram seus
caminhões várias vezes, permitindo a aproximação de Reis, que chegou a tirar
seu Scania para a grama para evitar uma batida no caminhão do piloto da casa.
Na reta final, Salustiano tomou a segunda posição de Totti, que levou seu
Volkswagen-MAN ao terceiro lugar. Monteiro e Reis completaram o pódio.
Depois de 23 voltas, o
resultado final do GP Aurélio Batista Félix foi o seguinte:
1º) Régis Boessio (RS/Mercedes-Benz), ABF Desenvolvimento
Team, 1h01min26s237
2º) Paulo
Salustiano (SP/Mercedes-Benz), ABF Racing Team, a 4s610
3º) Leandro
Totti (SP/MAN), MAN Latin America Racing Team,
a 4s691
4º) Beto Monteiro (PE/Iveco), Scuderia Iveco, a 6s950
5º) Leandro Reis (GO/Scania), Original Reis Competições, a
8s218
6º) Valmir Benavides (SP/Iveco), Scuderia Iveco, a 13s432
7º) Djalma
Fogaça (SP/Ford), 72 Sports/Ford Racing Trucks, a 15s180
8º) André
Marques (SP/MAN), MAN Latin America Racing
Team, a 25s056
9º) José Maria Reis (GO/Scania), Original Reis Competições,
a 42s184
10º) João Marcos Maistro (PR/Volvo), Clay Truck Racing, a
42s475
11º) Luiz Lopes (SP/Iveco), Lucar Motorsports, a 1min01s461
12º) Alberto Cattucci (SP/Volvo), ABF/Volvo, a 1 volta
13º) Wellington Cirino (PR/Mercedes-Benz),
ABF/Mercedes-Benz, a 3 voltas
14º) Edu Piano (SP/Ford), Território Motorsport, a 5 voltas
15º) Rogério Castro (GO/Volvo), ABF/Volvo, a 6 voltas
NÃO COMPLETARAM
Diogo Pachenki (PR/Mercedes-Benz), ABF Racing Team, a 7
voltas
Felipe
Giaffone (SP/MAN), MAN Latin America Racing Team, a 10 voltas
Ronaldo
Kastropil (SP/Scania), Ticket Car Corinthians Motorsport, a 10 voltas
Alex Caffi (ITA/Iveco), Dakarmotors, a 11 voltas
Débora
Rodrigues (SP/MAN), MAN Latin America Racing Team, a 15 voltas
Geraldo Piquet (DF/Mercedes-Benz), ABF/Mercedes-Benz, a 16
voltas
Jansen Bueno (PR/Volvo), DB Motorsport, a 17 voltas
Adalberto
Jardim (SP/MAN), MAN Latin America Racing Team, a 21 voltas
Roberval
Andrade (SP/Scania), Ticket Car Corinthians Motorsport, a 22 voltas
Fonte: Fórmula
Truck