Lançada no primeiro semestre de 2011, a nova família do
Ford Cargo prepara-se para ganhar o esperado modelo extrapesado 1846 T (sigla
da Europa), conhecido em São Bernardo (SP) como Cargão.
Deve vir para as concessionárias em meados de 2013 o
esperado modelo extrapesado do Ford Cargo e seu ‘acabamento final’ está
sendo ultimado no campo de provas da montadora em Tatuí (SP), sob a supervisão
de engenheiros da Otosan, afiliada turca da Ford. A configuração do
cavalo-mecânico 4×2, situado na classe das 40 toneladas de PBTC, já ganha as
estradas na Europa, onde apareceu com dupla e surpreendente novidade. Primeiro,
por a marca estar de volta ao mercado europeu de extrapesados, do qual se
ausentou durante décadas (sua mira voltou-se para as vans Transit). Também pelo
seu “look de personalidade”, fruto da frente bem resolvida, segundo o conceito
kinetic-design apresentado quando do lançamento do novo modelo no Brasil em
2011 ou conforme explicado por fonte da Ford, “ele passa a ideia de imagem em
movimento”. Rômulo Peixoto, consultor de vendas da concessionária Pisa, de
Contagem (MG), resume tudo em “cabine impactante”.
O seu grafismo inovador merece palmas. Consegue romper com a
mesmice estilística dos demais fabricantes de caminhões de configuração
cara-chata, na qual o peitoral em forma de trapézio invertido não escapa das
taliscas ou elementos horizontais, repetidos no Scania, MAN, Iveco e mais
recentemente nos lançamentos da DAF e Daimler, respectivamente modelos XF e
Arocs.
O Cargão é filho de vários ‘pais’. A Ford Brasil é coautora,
mas no topo a Otosan, da Turquia. Lá a Ford americana constituiu uma
joint-venture com a poderosa família Koc, onde produz caminhões e vans Transit.
O alvo imediato do novo Cargo 1846 T são os países do Europa Central, Rússia,
África do Sul e Oriente Médio. Ao contrário do que se pensou no Brasil, seu
motor não é o Cummins, mas o Cursor da Iveco. Ele desloca 10,3 litros de
cilindrada, podendo desenvolver 430 cv (Euro 3) e 460 cv (Euro 5). E como tal o
veremos por aqui.
Os parentescos internacionais – especialmente na Inglaterra
– levaram a Ford à escolha do fornecedor FPT (Fiat Power Train), coligado à
Iveco. Este conjunto de força de seis cilindros em linha adota na Turquia a
injeção de alta pressão através de bicos injetores unitários (tipo EUI),
combinados com o turbo de geometria variável. O componente tornou-se
unanimidade entre os fabricantes de motores por sua possibilidade de encher os
cilindros em baixos giros, contribuindo para a tão perseguida economia de
combustível. Dita virtude, calibrada com o escalonamento do câmbio automatizado
ZF de 12 velocidades, combinadas com a redução do eixo traseiro, resulta em
números interessantes para o Cargo 1846 T. A 80 km/h , por exemplo, seu
motor trabalha manso a 1.200 rpm. Não faltam igualmente ao produto Ford para 40
t, os rebuscamentos do EBS, ESP e hillholder – aquela abençoada parada de
segundos que muito facilita as arrancadas de morro acima, sem riscos de trancos
para a transmissão. No Brasil, haverá uma vindoura configuração de
cavalo-mecânico 6×2.
Fonte: Carga Pesada