Nenhuma liderança
nacional se diz envolvida diretamente com as manifestações.
Os protestos de caminhoneiros, que começaram há uma semana,
ganham força em vários Estados, sem que nenhuma entidade nacional da categoria
assuma participar de sua organização. Nesta terça-feira (24), a Carga Pesada
acompanhou o início de um bloqueio na PR 445, na divisa entre os municípios de
Londrina e Cambé.
Leandro Colletti, caminhoneiro autônomo que liderava o
piquete, fez questão de ressaltar: “Não somos de sindicato nenhum. Somos
profissionais que não têm condições de trabalhar com o diesel e o pedágio caros
desse jeito”, afirma. Embora seja improvável, o caminhoneiro diz que “não tem
ninguém organizando” as manifestações.
A última greve nacional de caminhoneiros, realizada em 2012,
teve coordenação do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC). A reportagem
tentou falar com o líder do movimento, Nélio Botelho. A secretária disse que
ele não poderia atender, mas que o MUBC nada tema ver com os protestos de
agora. No site da organização, que ainda mantém como destaque um pedido de voto
no candidato derrotado à Presidência, Aécio Neves, nenhuma referência às
manifestação.
Já, na página da Confederação Nacional dos Transportadores
Autônomos (CNTA), a entidade afirma estar “ciente das manifestações” e que
existem “questões emergenciais a serem tratadas” com o governo, como a
diminuição do preço do diesel, o subsídio do diesel aos autônomos e a
“repartição” dos financiamentos de caminhões.
A confederação orienta seus sindicatos filiados a
participarem ativamente na busca de soluções dos problemas, ma não se pociona a
favor ou contra os protestos. A reportagem não conseguiu contato com o
presidente da CNTA, Diumar Bueno. O presidente da União Nacional dos
Caminhoneiros (Unicam), José Araújo “China” da Silva, disse à Carga Pesada que
a entidade não participa do movimento, mas considera justas as reivindicações.
Documento assinado por quatro entidades regionais e
distribuído nos pontos de bloqueio estabelece a seguinte pauta de
reivindicações: diminuição do valor do diesel; criação de tabela única nacional
de fretes por km rodado; prorrogação de 12 meses das parcelas de financiamento;
obras para melhorar as condições das estradas; e sanção do projeto de lei que
muda a Lei do Descanso. O documento é assinado pela Associação dos
Caminhoneiros de Rodeio Bonito (RS), pelo Sindicato dos Transportadores
Autônomos de Carga de Francisco Beltrão (PR), pela Comissão de Paralisação de
São Miguel do Oeste (SC) e pela Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Rio
Grande do Sul e de Santa Catarina.
Adesão
No Paraná, a adesão aos caminhoneiros aos bloqueios tem sido
tranquila, sem resistência. “Tenho contas para pagar, mas do jeito que está não
tem como trabalhar. O pessoal está se unindo e a gente tem de vestir a camisa”,
diz o autônomo Rafael dos Santos, ressaltando que tem disposição para ficar
parado o tempo que for preciso. Com carga de carne refrigerada, Fábio Cesar
Luiz afirma que também ficará no protesto até o fim. “Posso ficar uma semana
aqui que a carne não estraga. Temos de apoiar os companheiros”, declara.
Liberação
Segundo a Agência Brasil, a Advocacia-Geral da União (AGU)
decidiu na segunda-feira (23) entrar na Justiça Federal com pedido de liberação
das rodovias bloqueadas. De acordo com a AGU, a medida tem o apoio do
Ministério da Justiça, por meio da Polícia Rodoviária Federal e da Força
Nacional.
As ações, segundo a AGU, foram ajuizadas nos estados de
Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, do Paraná, de Santa
Catarina e do Rio Grande do Sul. O órgão informa ainda que pediu a autorização
da Justiça para que o Poder Público possa adotar “medidas necessárias para
garantir a circulação nas pistas e a fixação de multa de R$ 100 mil para cada
hora que os manifestantes se recusarem a liberar o tráfego”.
Fonte: Carga Pesada