Fabricante de caminhões detalha programa de R$ 650 milhões.
Com 8,8 mil caminhões vendidos no Brasil em 2014, o que significou recuo acima
da média do mercado, de 23,5% sobre 2013, e perda de um ponto porcentual de
participação, fechando o ano com 6,4% de participação, em sexto lugar no
ranking dos maiores fabricantes do segmento, os principais executivos da Iveco no
País esperam reverter esse quadro com o programa de investimento de R$
650 milhões de
2014 a 2016, divulgado em abril passado. “Hoje estamos batendo na trave no que
queremos, mas temos condições de obter desempenho melhor. Qualquer resultado
abaixo de 10% não pode ser aceito”, afirma Marco Borba, vice-presidente da
Iveco para a América Latina.
Em seu autodesafio, Borba coloca na conta uma linha completa de produtos
lançados ao longo dos últimos anos no Brasil, desde os semileves e leves Daily,
passando pelos médios Vertis e semipesados Tector, até os pesados Stralis, todos
atualizados em relação aos modelos vendidos na Europa. Apesar disso, a Iveco
ainda está longe de alcançar os 10% almejados, continua com 6%, em sexto lugar,
atrás de fabricantes com menos produtos, e suas vendas de janeiro a abril se
reduziram em 46,5%, porcentual acima do tombo médio de 39% do mercado nacional
de caminhões.
Borba avalia que “no passado talvez a marca tenha corrido rápido demais com
muitos lançamentos”, o que deixou flancos abertos também no atendimento da rede
de concessionárias, hoje com 96 casas de 30 grupos empresariais, que agora
passa por reestruturação. “Vamos aproveitar a baixa do mercado para arrumar a
casa. Discutimos o fechamento de alguns pontos que ficaram inviáveis, abertura
de outros e eventualmente a troca de alguns grupos”, diz Ricardo Barion,
diretor de marketing da Iveco América Latina, recém-chegado da MAN. Segundo
ele, também foi aberta a possibilidade de abertura de lojas conjuntas de
veículos e máquinas agrícolas do grupo CNH Industrial, do qual a Iveco faz
parte.
“Nosso objetivo com os investimentos que estamos fazendo é dar um salto de
competitividade, com oferta de produtos que o cliente precisa e redução do TCO
(custo operacional) dos nossos veículos”, explica Borba. Seguindo essa meta, o
programa de R$ 650 milhões está dividido em três pilares: R$ 250 milhões para
nacionalização de componentes, R$ 160 milhões para melhoria dos processos
industriais da fábrica de Sete Lagoas (MG) e R$ 240 milhões para
desenvolvimento e aprimoramento tecnológico dos produtos. Com isso, o executivo
estima que os 10% poderão ser alcançados até 2016, quando terminam os aportes
iniciados já em 2014.
INVESTIMENTO DETALHADO
“Temos hoje uma situação cambial diferente e precisamos aumentar a
nacionalização dos produtos para ganhar competitividade em custo e eficiência
logística.” Assim Borba justifica a maior porção do programa de investimentos,
com o objetivo de elevar de 10% a 12% o uso de componentes comprados no Brasil
nos caminhões e ônibus Iveco, para chegar a um índice de 70% a 80%, dependendo
do modelo do veículo, conforme já havia confirmado em entrevista a Automotive Business diretor
de compras da CNH Industrial América Latina, Osias Galantine. Cerca de 200
itens serão nacionalizados, principalmente na cabine e suspensão.
Outro objetivo do projeto de nacionalização é trazer fornecedores para perto,
no distrito industrial de 257 m², localizado a 450 metros da portaria de Sete
Lagoas. São 20 lotes para receber plantas de autopeças, dos quais oito já estão
reservados. A Iveco doou parte do terreno de sua fábrica à Companhia de
Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig), que investiu R$ 16,2 milhões nas
obras de infraestrutura. Esse valor será cobrado das empresas interessadas em
se instalar nos lotes de 2 mil a 25 mil m². A estimativa é de aumentar em 10% a
15% o número de fornecedores instalados em Minas Gerais.
Porção quase igual do investimento em nacionalização irá para o aperfeiçoamento
de produtos. Os R$ 240 milhões previstos já foram destinados em parte aos
lançamentos mais recentes, como o caminhão Tector e o chassi de ônibus de 17
toneladas. “Os novos produtos nos colocam em segmentos onde não atuávamos antes
e nos ajuda a aumentar as vendas”, destaca Borba. O foco agora será em redução
do custo total de propriedade (TCO, na sigla em inglês) dos veículos e
incorporar atualizações tecnológicas.
Os R$ 160 milhões restantes estão sendo aplicados na modernização da fábrica de
Sete Lagoas e seus processos, buscando maior produtividade e qualidade. Entre
as melhorias, já foram instalados novos como robôs na cabine de pintura e
equipamentos de instalação de chicotes, regulagem de pneus e abastecimento de
fluidos. Alguns operadores estão testando o SL Glass em um programa piloto: com
tecnologia de realidade aumentada, os óculos especiais passam instruções de
procedimento para os montadores, diminuindo falhas e melhorando o tempo de
execução das tarefas.
Faz parte dos investimentos o campo de provas de 300 mil m², que já está quase
concluído e consumiu R$ 24 milhões. Com isso, a Iveco será uma das poucas
fabricantes de caminhões no País com pistas de testes própria, com capacidade
para desenvolver e homologas todos os produtos de sua linha, incluindo o
veículo militar Guarani.
Fonte: Automotive Business