Mina terá 45 veículos autônomos com capacidade para 240
toneladas.
Uma mina de minério de ferro da Caterpillar na Austrália
terá 45 caminhões autônomos com capacidade para 240 toneladas cada. Atualmente
a empresa usa seis caminhões mineradores automatizados do modelo 793F. Com
2.650 cavalos de potência e mais de 25 milhões de linhas de códigos de
software, eles levam montes de pedra e terra para cima e para baixo.
Tradicionalmente, esses caminhões precisariam de quatro motoristas para
operarem 24 horas por dia.
Os caminhões usam sistemas de orientação para se locomoverem
sozinhos, sendo apenas monitorados por técnicos numa sala de controle a
quilômetros de distância. Caso um obstáculo apareça no caminho deles, os
caminhões têm poder cerebral suficiente para decidir se passam por cima ou
desviam.
Além dos riscos de segurança, motoristas em carne e osso
"vão frequentemente tomar decisões, a maioria boas, mas algumas ruins, e
essas inconsistências podem gerar problemas", diz Ed McCord, o executivo
da Caterpillar responsável pelo programa. Caminhões automatizados nunca
vacilam, diz ele. "Se a marcha correta para descer uma ladeira for a
quinta, ele estará sempre na quinta marcha."
Tendência
Sobre a tendência do uso deste tipo de veículos no mercado,
Ted Scott, diretor de engenharia e políticas de segurança da Associação
Americana de Transporte por Caminhão, “é praticamente inevitável que os
caminhões autônomos se tornem presentes no mercado”.
"Teremos caminhões sem motorista porque isso vai
gerar dinheiro", acrescenta James Barrett, presidente da Road Scholar
Transport Inc., no Estado da Pensilvânia, que tem uma frota de 105 caminhões
pesados.
Segundo a teoria econômica, mudanças básicas como essa
melhoram o padrão de vida das pessoas ao longo do tempo, tornando-as mais
produtivas e diminuindo o desperdício. Um caminhão parado enquanto seu
motorista está dormindo é, no fim das contas, apenas um ativo se depreciando.
Mas considerando o alto desemprego dos últimos cinco anos em
várias partes do mundo, é difícil não se preocupar, por exemplo, com o destino
dos 5,7 milhões de motoristas que os EUA têm hoje, a última classe de
trabalhadores industriais que ainda é bem paga.
Um mundo sem motoristas de caminhões pode no final ser um
mundo melhor. Mas para quem? Ao menos para os donos de transportadoras,
que lidam com a falta de motoristas (de até 15% nos EUA), além das constantes
dores de cabeça causadas pelo custo do combustível, regulamentações e margens
de lucros apertadas. "Minha nossa", exclama Kevin Mullen, diretor de
segurança da ADS Logistics Co., firma americana com uma frota de 300 caminhões.
"Ah, se eu não precisasse lidar com motoristas e pudesse simplesmente
programar um caminhão e despachá-lo..."
Em geral, um motorista em tempo integral custa às empresas
americanas de US$ 65.000 a US$ 100.00 por ano ou mais, incluindo benefícios.
Mesmo se um caminhão automatizado adicionasse US$ 400.000 em custos por ano, a
maioria dos donos de transportadoras estaria disposta a experimentar, dizem
eles.
"Não haveria salários, impostos trabalhistas, seguros de saúde. Você vai listando e a coisa vai ficando bem barata", disse Barrett, da Road Scholar Transport, acrescentando que tem dificuldade para encontrar motoristas suficientes.
"Não haveria salários, impostos trabalhistas, seguros de saúde. Você vai listando e a coisa vai ficando bem barata", disse Barrett, da Road Scholar Transport, acrescentando que tem dificuldade para encontrar motoristas suficientes.
Os motoristas dizem que isso é bobagem. "As pessoas
aparecem com essas ideias grandiosas", diz Bob Ester, um americano que
dirige caminhões desde 1968. "Como você vai colocar um caminhão na
plataforma ou abastecê-lo?" A maioria dos especialistas em veículos
automatizados diz que, pelo menos no começo, os caminhões-robôs teriam de usar
estradas separadas das dos veículos normais, o que não seria barato.
E há também a questão da segurança - da carga e das pessoas
nas ruas e estradas. Muitas pessoas no setor acreditam que essas máquinas
acabariam virando melhores motoristas do que os humanos. De fato, é por causa
da segurança que os chamados usos de "circuito fechado", que mantêm
os caminhões autônomos longe do público, estão sendo implementados primeiro.
Fonte: Valor Econômico