Companhia investirá R$ 340 milhões para estruturar operação
no País.
Depois de ida e vindas, a localização da fábrica da Foton Aumark do Brasil (FAB) está decidida. Será na
cidade de Guaíba, no Rio Grande do Sul. "Ontem (26 de setembro) recebemos
o protocolo de meio ambiente assinado o que nos permite entrar com o processo
no MDIC", disse o presidente da companhia, Luiz Carlos Mendonça de Barros.
"Também recebemos aprovação formal do governo do Estado da venda do
terreno para montarmos a fábrica."
Espera-se que este seja o fim de uma novela, que envolveu o Rio de Janeiro e causou estranheza no mercado, uma vez que havia a possibilidade de o estado carioca entrar como sócio no empreendimento. "Um problema ambiental nos impediu de ir para Itatiaia (RJ)", explicou Mendonça de Barros, ao comentar que com o Inovar-Auto os Estados “comoditizaram” incentivos para atrair as indústrias.
Assim, a Foton caminha em frente e traça a sua estratégia para o mercado nacional, apesar de não participar da Fenatran deste ano, que ocorre no fim de outubro
Além disso, outros R$ 60 milhões serão investidos em operações de armazenamento e distribuição logística de peças e componentes, estruturação da rede concessionária, operações comerciais e homologação de produtos. Do total (R$ 340 milhões), cerca de 50% são de recursos próprios e o restante será obtido por financiamento.
Já na segunda fase, a proposta é fazer uma estrutura intermediária ao consórcio modular, com a instalação de alguns fornecedores-chave na área da planta, que tem 1,5 milhão de metros quadrados. Com os planos da fábrica traçados, a Foton Aumark espera conseguir a habilitação do governo no Inovar-Auto em até 50 dias.
A produção nacional começará no último quadrimestre de 2015 com a montagem das primeiras unidades de teste. A capacidade instalada será de 21 mil caminhões por ano em um único turno, com a geração de 300 empregos diretos e 900 indiretos na região de Guaíba.
Motor e câmbio já estão definidos: Cummins e ZF, que já são fornecedores da Foton na China. De acordo com o vice-presidente da companhia, Orlando Merluzzi, outros componentes já estão sendo cotados no Brasil, como freios, chassis, bancos e vidros. "Nesta primeira fase a cabine será importada, pois o investimento em uma estamparia seria equivalente ao que vamos fazer em toda a fábrica."
PRODUTOS
Enquanto a fábrica não fica pronta, os caminhões serão importados. A Foton pretende comercializar apenas modelos comerciais leves e semipesados, entre 3,5 e 24 toneladas de Peso Bruto Toral (PBT). "Essa faixa corresponde a 73% do mercado de caminhões e é onde enxergamos o maior crescimento", aponta Merluzzi ao ponderar sobre as crescentes restrições à circulação de caminhões pesados nos centros urbanos.
A rede concessionária, que atualmente conta com 12 pontos em seis estados (MG, PA, RJ, RS, SP e SC), será ampliada de forma gradativa. "Estamos com mais oito em implementação até o fim desse ano, e temos planos de atingir 92 até 2016", disse Merluzzi.
Neste período de dois anos, a expectativa é importar cerca de 5 mil veículos, apesar de a cota de importação se o IPI adicional da companhia ficar em torno de 10.000 unidades. O argumento de venda será similar ao que fazem as chinesas no segmento de veículos de passeio: modelos com mais conteúdo de série (ar-condicionado, freios ABS, cd player, vidros e travas elétricas, acelerador automático, três anos de garantia com mão de obra gratuita nas três primeiras revisões) pelo preço do veículo “pelado” da concorrência. Assim, o Foton Aumark de 3,5 toneladas de PBT deve custar R$ 83.000.
VENDAS
Mendonça de Barros sabe como é complicado obter financiamento bancário no País. "Existem filtros e um deles é o do financiamento e, no setor de transportes, um dos itens que formam a base do financiamento é o valor do bem no mercado secundário. Como somos uma operação nova, não temos este parâmetro, e temos de negociar com os bancos para que eles fiquem confortáveis e liberem o crédito", comentou.
"Por isso estamos negociando com bancos chineses que mostraram interesse em apoiar a operação brasileira e criar mecanismos alternativos ao Finame, com prazos mais longos e taxas competitivas", revelou o presidente da organização. "Estamos negociando com eles, que inclusive querem ser instrumentos para trazer fabricantes de autopeças para o Brasil."
Os planos são ambiciosos. A FAB quer ser a sétima maior marca de caminhões no Brasil em oito anos, com 5% do market share. Até lá terá de mostrar as qualidades dos produtos e derrubar o preconceito sobre as marcas chinesas, ainda desconhecidas pela maioria dos consumidores, principalmente no segmento de caminhões.
Fonte: Automotive Business