Na
Automec, projeção é de crescimento do pós-venda nos negócios.
A
julgar pela exuberância da 12ª Automec, que de 7 a 11 de abril reúne 1,2 mil marcas
nacionais e internacionais de autopeças
que ocupam com seus estandes 78 mil metros quadrados do Anhembi, em São Paulo,
o cenário é de expansão dos negócios no mercado de reposição automotiva, capaz
de compensar ao menos em parte a retração profunda das compras das montadoras
de veículos este ano. “O aftermarket vai revigorar sua força com a expansão da
frota brasileira, que hoje já atinge 45 milhões de veículos. Se não vamos
comprar carros novos, vamos ter de consertar o que temos e isso aquece o
segmento”, afirmou durante a cerimônia de abertura do evento Paulo Butori,
presidente do Sindipeças, entidade que agrega cerca de 500 fabricantes de
autopeças no País.
Com o recuo nas vendas de veículos zero-quilômetro e a consequente queda nas vendas de componentes às montadoras, o mercado de reposição ganha importância crescente nas receitas das fábricas de autopeças. “Até o fim dos anos 90 a reposição representava cerca de 20% do faturamento das empresas do setor, mas nos anos 2000 esse porcentual caiu para menos de 15%. Nos últimos dois anos o aftermarket voltou a ganhar relevância e deve passar dos 20% outra vez nos próximos anos”, comprara Butori.
Segundo o mais recente levantamento do Sindipeças, divulgado na segunda-feira, 6, de 2013 para 2014 a reposição passou de 14,5% (porcentual que ficou quase inalterado desde 2010) para 17% do faturamento das empresas associadas. A projeção da entidade é que esse índice chegue a 19,2% já em 2015 e se repita em 2016. Um estudo encomendado pelo Sindipeças à consultoria Roland Berger revela que as vendas de todos os fabricantes de peças ao pós-venda de veículos totalizaram R$ 23,1 bilhões em 2014 e até 2020 a perspectiva é de R$ 30 bilhões. Somando toda a cadeia, incluindo distribuidores atacadistas e varejistas, o giro financeiro do segmento somou R$ 104 bilhões no ano passado – o número é similar aos R$ 106 bilhões computados por um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário.
EXPECTATIVA POSITIVA
Segundo o estudo da Roland Berger, a frota brasileira deve crescer ao ritmo de 3% ao ano, mas a fatia de veículos com 3 a 15 anos de uso, a parte mais relevante para o aftermarket, cresce em ritmo mais rápido, de 5,6% por ano. “Se o mercado de veículos novos recuar 200 mil ou 300 mil unidades este ano, a maioria desses carros que deixaram de ser vendidos representa um usado que ficou com o consumidor e vai precisar de mais manutenção, puxando as vendas de peças de reposição”, avalia Butori.
Para ele, como a maioria dos mercados sul-americanos também passa pela mesma situação de queda nas vendas de veículos novos, “as exportações de peças para reposição também deve crescer, pois o Brasil tem a maior base de produção de componentes da região”.
“Vemos sim um cenário de crescimento das vendas neste e nos próximos anos”, afirma Gerson Ribeiro, gerente comercial da Master Power, que atualmente fabrica turbocompressores em São Marcos (RS) exclusivamente para o mercado de reposição.
Para as empresas que já atuavam com força maior no aftermarket, a perspectiva também é de aquecimento dos negócios, mas com avanço mais comedido. “Sempre equilibramos em meio a meio as receitas entre OEM (vendas às montadoras) e IAM (reposição). É muito difícil que todos os mercados subam ou caiam ao mesmo tempo e por isso estamos mantendo nosso ritmo de crescimento de 10% ao ano”, conta Nelson Bastos, diretor de vendas e marketing da ZEN, fabricante de polias, tensionadores e impulsores de partida de Brusque (SC). “O que cresce mais são as exportações, que com o dólar mais favorável já aumentaram de 50% para 60% do nosso faturamento”, acrescenta.
“Não vemos exatamente uma explosão dos negócios na reposição, mas um crescimento moderado, porque sempre dividimos em 50-50% nossas vendas entre aftermarket e montadoras”, concorda Marcus Vinicius, diretor de aftermarket da Sabó, que produz juntas em São Paulo e retentores em Mogi Mirim (SP), além de ter unidades nos Estados Unidos, Europa e China como sócio minoritário da Kako – o controle da empresa, 80%, foi adquirido da empresa brasileira há um ano pelo grupo chinês Zhong Ding.
Embora a perspectiva seja de avanço do faturamento no mercado de reposição, não será suficiente para compensar todas as perdas do setor de autopeças no País. “A compensação é parcial. As receitas do aftermarket sempre crescem porcentualmente em momentos de queda das compras das montadoras, mas não são suficientes para cobrir todos os aumentos de custos que tivemos”, contrapõe Besaliel Botelho, presidente da Bosch América do Sul.
Fonte:
Automotive Business